Wednesday, November 17, 2010

Um alerta indignado contra a vergonhosa possibilidade de Aliança PP-PT no RS

Venho acompanhando, com muita preocupação e indignação, as notícias que, diariamente, têm saído na imprensa estadual gaúcha a respeito de uma possível aproximação entre o PP e o PT. A finalidade seria a montagem de um governo de coalizão ampla para que Tarso Genro possa governar com o apoio também dos nossos correligionários na Assembleia Legislativa.

Estou preocupado com tais tratativas, que ocorrem a boca pequena da parte dos nossos líderes, mas é alardeada pelo PT aos quatro ventos pela imprensa, porque elas demonstram a falta de compromisso reiterada do Partido dos Trabalhadores com a democracia. O PT não quer aliados para governar ou para construir um projeto político - quer subordinados, e para isso, lança mão das mais fisiológicas e interesseiras estratégias como o oferecimento de cargos no governo a progressistas, que claramente não tem afinidade ideológica com o projeto petista de poder. 


Esta última observação leva-me a falar da minha indignação: filiei-me ao Partido Progressista, do Senador Hugo Mardini, que repetia na TV o bordão "chega de PT", ao PP das campanhas eleitorais de Celso Bernardi, que atacavam as invasões do MST sem meias palavras, do PP da oposição ao pior governo que este Estado já teve, não por acaso também do PT, de Olívio Dutra. Desde que me filiei ao Partido, em 2003, quando o via como alternativa séria de oposição ao governo Lula, a sucessão de dissabores com nossa legenda nacional foi homérica: aliança nacional com o PT depois de ter apoiado Serra para a presidência em 2002; conquista de um Ministério na Esplanada em troca de mais cargos; e, finalmente, apoio nacional à candidata oficial à presidência da República, Dilma Roussef, que enfrentou com armas o regime militar não para combater a ditadura, mas para defender a implantação de outra ditadura, de esquerda, em nosso país.


O PP do Rio Grande do Sul sempre demonstrou continuar afinado com a ideologia e princípios partidários, conservadores e de centro-direita, e tratou sempre o PT como oposição, apesar de a recíproca não ser verdadeira. Ou nos esquecemos que o PT sempre nos tratou na Assembleia não como adversários mas como inimigos a serem exterminados, destruídos, eliminados. Agora que o país ingressa em uma fase nova e obscura da sua história, incerta, com a hegemonia de um Partido no poder que tem vocação para medidas totalitárias (preciso citar os exemplos das tentativas de censura à imprensa, da proteção aos companheiros corruptos e o PNDH-3 para me fazer mais claro?), é o momento para o PP retomar suas bandeiras e defender com todo seu vigor a democracia e a liberdade em nosso país. Este movimento pode, inclusive, começar pelo Sul.

Constrange-me, porém, como filiado e liderança do Partido, ver a atitude vergonhosa, fisiológica e carguista de alguns companheiros. Se a opção é pelo pragmatismo, que sejamos claros: o PP não fará mais Política, (com P maiúsculo mesmo). O PP do RS, se ingressar no governo Tarso, pode estar fazendo qualquer outra coisa na esfera pública, inclusive com a ilusão de que no fim das contas trará mais benefícios à população com esta decisão. Mas certamente não estará fazendo Política, perdendo de vez o pouco de identidade que lhe resta - e, na sua esteira, o seu eleitorado mais fiel.

Entrei no PP para fazer Política, para defender nossas bandeiras. Fui candidato a Deputado Estadual por duas oportunidades, e os 14.068 votos que recebi contribuíram para que nossa bancada obtivesse a votação que obteve. Não vou compactuar com nenhuma decisão que afronte nosso Programa e nossos Princípios - e espero que neste mesmo sentido se pronunciem nossos Movimentos partidários, nossa Fundação, nosso Diretório e nossa Executiva Estaduais.

Trata-se de um último grito de socorro de um militante que vê seu partido ser tomado de assalto por ideias que vão aniquilá-lo perante seu próprio eleitorado, que vão esterilizar por completo o que ainda resta de idealismo em sua militância jovem e que estarão contribuindo para que ocorra em nosso país, nas palavras de um dos fundadores do próprio PT, Hélio Bicudo, um processo de mexicanização onde um único partido detém poder quase absoluto sobre os rumos da política.

Não nos enganemos: Tarso não quer governar com outros Partidos, em especial quando se trata de Partidos com Programas antagônicos ao Petista. Quer, como faz o PT nacionalmente, aniquilá-los, comprá-los, destruir toda forma de oposição. Isto não é mais democracia. Isto não é mais política. Espero, com sinceridade, que o PP gaúcho não caia no canto da sereia e se entregue de forma tão baixa, vil e contrária aos seus próprios princípios a estas ideias que, estou certo, não encontram respaldo na absoluta maioria de seus filiados.

Marcel van Hattem
Secretário Nacional da Juventude Progressista
Diretor Acadêmico da Fundação Tarso Dutra

5 comments:

  1. Bravo, Marcel!

    Eles querem assegurar desde já que não haverá uma oposição ao Tarso do mesmo nível da que eles fizeram à Yeda. É fundamental haver mais gente pensando como você no PP-RS! O partido não pode se subordinar aos gaviões que se assentaram no poder.

    De qualquer forma, fico feliz em saber que temos um companheiro de luta na Juventude Progressista. Nunca se renda! O Rio Grande não pode se curvar inteiramente a um partido, como infelizmente outros estados já estão fazendo.

    Abração!

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  2. Marcel! A caminhada para perseguir o que acreditas é e será sempre solitária ou em rebanhos como está acontecendo nos teus escritos.
    Se bancar e se sustentar diante do que acreditas é atitude virtuosa e corajosa de poucos. O mais louvável é continuar a caminhada sem se deixar seduzir.
    As seduções existem e nos batem à pota todos os dias, mas eu deixo entrar se desejar!
    A culpa não é de quem seduz e sim de quem se deixa seduzir!
    Sigas em frente perseguindo e lutando pelos teus ideais. Isso te faz e fará diferente e imortal
    Abraços

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  3. Boa noite, primeiramente gostaria de parabenizá-lo por sua iniciativa de defender com muita propriedade a não participação do PP no governo do PT (Perda Total).
    Não consigo entender até agora o porque do povo gaúcho ter dado o governo do estado ao PT (Perda Total), é impressionante o despreparo e a ignorância política de nossa população, realmente não sabem o mal que o PT (Perda Total) causa ao nosso Brasil e a nosso estado. Te admiro por se posicionar contrário a esta iniciativa de algumas lideranças do PP de participar do governo de Tarso (Farso) Genro.
    Estou a sua disposição, para de alguma maneira, ajudar a fazer oposição a este governo que representa o atraso e o aparelhamento do estado, continue sua luta pela democracia, estado de direito e progresso, tão necessários e tão ameaçados atualmente por este desgoverno petista, a partir de hoje sou teu seguidor neste blog, um abraço.

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  4. Então, a velha ARENA agora defende a democracia e a liberdade? Hummmmmm. Que interessante. Exemplo de "mexicanização", meu caro, tu encontrarás na história do teu próprio partido!

    hahahahahahahahahaha!

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  5. Dizer que a Juventude Progressista equivale à Arena é um absurdo. Grande parte deles nem viveu na época da ditadura militar.

    Além do mais, as circunstâncias agora são totalmente diferentes. Ex-arenistas poderosos (como o Sarney) são extremamente influentes no governo petista e vai ser pior ainda sob a Dilma.

    Além disso, o PMDB, que antes era a única chance de oposição, parece que está decidido a NUNCA mais ficar fora do poder - por isso estão em todo e qualquer governo desde o fim da ditadura.

    Por último: longe de eu defender a Arena ou os seus partidários (e muito menos chamar alguém aqui de arenista), mas se um político foi dela ele fica condenado a ser "antidemocrata" pra sempre? Fica proibido de falar contra os abusos petistas e de ser ouvido pela sociedade? Lembrem que Aureliano Chaves fez toda a sua vida no governo dos militares mas sempre valorizou a democracia - e inclusive apoiou o Lula em 2002 e serviu de ponte entre ele e os militares na época.

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