Monday, March 30, 2009

A outra face de Íngrid Betancourt

Por Cláudio Júnior Damin

Íngrid Betancourt ganhou notoriedade mundial ao ser resgatada da selva colombiana em 2008. Ex-candidata à presidência da República, Íngrid fora seqüestrada em fevereiro de 2003 pelo grupo narco-terrorista Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Junto com ela, mais três americanos também foram libertados do cativeiro.
Um fato que, particularmente, chamou a atenção, foi a disposição de Íngrid Betancourt imediatamente após ser libertada. Sua palidez, fraqueza e desanimo foram logo substituídos por uma mulher atuante e que rodou o mundo denunciando a situação das FARC na Colômbia. Foi à França agradecer o apoio do presidente Nicolas Sarkozy, visitou o Chile e foi indicada para o Nobel da Paz, ganhou o prêmio Príncipe das Astúrias da Concórdia, foi ao Santuário de Lourdes rezar, reuniu-se com o Papa Bento XVI, e, em novembro, fez roteiro por países da América Latina.
Íngrid vendeu a imagem de “boa moça”, vitimada por um sequestro desumano, e vitoriosa por ter sobrevivido. Mas, o que os jornais publicam atualmente é uma outra versão da franco-colombiana.
O jornal Prensa Libre, da Guatemala, destaca que Íngrid “agradeceu a meio mundo por sua liberação, mas não a sua família e a pessoas que arriscaram a vida por ela, e isto gerou comentários que a qualificam como ingrata e mal agradecida”. O diário entrevistou, também, Noel Saez, que foi emissário especial do governo francês para auxiliar na libertação de Íngrid e que, em livro, critica duramente a “boa moça”. Diz ele: “eu arrisquei a vida por ela. Ela deu a volta ao mundo para agradecer aos grandes da Terra, ao Papa, aos presidentes e a outros chanceleres, e se esqueceu de alguns, dos mais pequenos, dos mais expostos, aqueles que mais se arriscaram por ela”.
Outro fato acontecido e informado pela imprensa foi a solicitação, por parte de Íngrid, do divórcio de seu marido, alegando anos de separação de corpos. E logo se revelou que ela teve um caso com outro refém das FARC, que à época de seu seqüestro era senador. Hoje seu ex-marido é um dos grandes críticos do comportamento de Íngrid. Aliás, quando foi libertada, parece que a ex-cativa não deu muita atenção para a família, tanto que o português Diário de Notícias afirma que ela, depois da libertação, “logo que acabou de abraçar a mãe e os filhos, Mélaine e Lorenzo, que não viu crescer, centrou-se em manter a atenção da mídia internacional nos companheiros que ainda estavam seqüestrados”.
Keith Stansell, Tom Howes e o luso-americano Marc Gonçalves foram os três outros reféns libertados junto com Íngrid Betancourt. E eles acabam de publicar um livro onde fornecem uma visão completamente diferente da franco-colombiana tida como “boa moça”. Segundo o Diário de Notícias, “os três chegam mesmo a dizer que ela era pior que os seus guardas”.
Entrevistado por El Periódico, da Catalunha, Keith Stansell afirmou que sua visão a respeito de Íngrid “não é positiva”, arrematando que “ela nos queria em outra parte do acampamento”. Aliás, ela dizia aos guardas do acampamento que os três americanos eram da CIA e que representavam uma ameaça a todos e, por isso, deveriam ser transferidos para outro lugar. Além disso, Íngrid não dividia comida nem compartilhava o rádio, demonstrando, segundo os americanos que viveram com ela, um alto grau de egoísmo. No jornal mexicano Vanguarda, Stansell afirmou não gostar "de gente que joga com a vida de outras pessoas”, numa referência direta a Íngrid.
Se o medo, a solidão ou qualquer outro motivo fez com que Íngrid Betancourt tivesse esse comportamento durante os anos em que esteve seqüestrada, ele não poderia ser ignorado. Ou, nas palavras dos americanos: “o que se passou na selva não morre na selva”.
A versão dos três prisioneiros americanos tem corrido o mundo e Íngrid não disse uma só palavra a respeito. Neste momento ela está enclausurada em algum lugar da Colômbia escrevendo seu livro sobre os anos de cativeiro na selva. Aguarda-se a versão e a explicação de Íngrid Betancourt para o que ocorreu naqueles anos difíceis para a vida dos seqüestrados e de seus familiares.

Publicado na coluna do Jornal Folha do Nordeste, de Lagoa Vermelha, do dia 27 de março de 2009.

História, tradição e credibilidade de Georgetown

A Universidade de Georgetown é uma das mais antigas universidades dos Estados Unidos. Foi fundada em um ano simbólico tanto para os americanos como para o resto do mundo: 1789 foi o ano da promulgação da Constituição dos Estados Unidos e também da Revolução Francesa. Por estar localizada em Washington, a capital dos Estados Unidos - e, por isso, centro para o qual confluem as atenções políticas e geopolíticas de todo o mundo - pessoas das mais diferentes nacionalidades se vêem por seus corredores, pátios, igrejas e salas de aula. É uma Universidade Católica, fundada por Jesuítas, situada no centro de um país fundado por protestantes fugidos da Inglaterra.
Toda a diversidade cultural e histórica contida nos mais de 200 anos desta Instituição conferiram a ela mais uma vez em 2008 o título de Universidade que tem o melhor curso de Relações Internacionais nos Estados Unidos. O privilégio de estudar em um um ambiente com tal conceituação é notável. Ex-presidentes, embaixadores, historiadores e professores de relações internacionais que no Brasil conhecemos pelos livros e teorias que lemos dão-nos aula - e a oportunidade de lhes perguntar, ao vivo e a cores, o que nos interessar saber sobre suas opiniões pessoais. Aliás, bem por isso que as aulas se tornam ainda mais interessentates: o professor daqui não só não consideram perguntas um questionamento à sua autoridade, como nos estimula a debater em aula, afinal, ele também aprende com o debate.

Nesta semana tivemos aulas com renomados economistas e historiadores. Carl Dahlman, que foi dirigente no Banco Mundial falou-nos sobre a forma como a China e a Coréia do Sul enfrentaram e continuam enfrentando os entraves que são gargalos para as suas economias. Dividindo-nos em grupos, fez-nos elaborar planos de ação para nossos países - ao meu grupo coube falar da Bolívia e como fazer com que o país, altamente dependendente dos hidrocarburetos, possa diversificar sua economia.

Na quarta-feira tivemos aula com o atual vice-presidente do Panamá, Samuel Lewis Navarro, que também é chanceler do seu país e formou-se Administrador aqui por Washington. No final da tarde do mesmo dia visitamos a embaixadora da Colômbia em sua residência oficial e desde ontem estamos tendo aulas com Robert Lieber, que durante muitos anos foi conselheiro do Departamento de Estado dos EUA e está nos falando sobre a política externa norte-americana - quais são seus desafios após o 11 de Setembro e as novas estratégias.

Por toda essa oferta de excelentes professores e palestrantes, não é à toa que os próprios docentes americanos tenham elegido Georgetown como a melhor universidade em Relações Internacionais dos EUA - nem surpreenderia que numa pesquisa mundial aparecesse no topo da lista.

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Release do governo panamenho sobre a visita do vice-presidente e chanceler a Georgetown: http://www.mire.gob.pa/noticia.asp?elemid=3879##

Friday, March 20, 2009

O fim da lua de mel dos americanos com Obama


"Pode-se enganar a todos por algum tempo, e até a alguns por todo o tempo. Mas não se pode enganar a todos todo o tempo". Abraham Lincoln (1808-1865)

A lua de mel do povo norte-americano com o presidente Barack Obama definitivamente acabou. Depois de uma campanha de muito sucesso, na qual as palavras hope (esperança) e change (mudança) tocaram o coração da maioria dos americanos, os índices de popularidade do presidente caíram drasticamente. Seja por fatores externos como a crise, em relação à qual muito pouco o presidente pode fazer, especialmente neste país de poder tão pouco concentrado, seja por fatores interiores à atitude do próprio presidente, que prometeu superar as diferenças ideológicas que, dizia, impedia a política nacional de progredir.

Obama aprovou o maior gasto em um plano para recuperar a economia que jamais foi feito por um presidente norte-americano. O pacote de estímulo incluiu quase 1 trilhão de dólares para investimentos estatais e agora é a vez do orçamento, que prevê gastos de 3,6 bilhões de dólares para investimentos principalmente em educação, saúde e meio-ambiente. O efeito colateral é o déficit enorme para os próximos anos que causará.

Por outro lado, Obama já era definido em 2007 como o político mais esquerdista de todo o Senado. Apesar disso, durante a campanha negava a pecha dizendo que esta era a “velha política”, a de classificar as pessoas em categorias. Os swing voters - eleitores que não se definem nem como esquerda nem como direita - acreditaram na cantilena, e agora estão se perguntando o que fazer para preservar os valores norte-americanos de governo limitado em poder e arrecadação diante de uma Administração ávida por gastos públicos.

Por que as pessoas preferem acreditar na propaganda de uma campanha de poucos meses em vez de avaliar a vida pregressa dos candidatos a cargos públicos, permanece um grande mistério - aqui, em Dois Irmãos e no mundo todo. O que não é mistério nenhum, visto os últimos números das pesquisas, é que em sociedades democráticas e nas quais o povo tem grande controle sobre o que acontece no governo, não é possível se esconder atrás de mensagens que são bonitas quando não são vazias, como hope e change por muito tempo: neste exato momento, a aprovação de Obama está mais baixa do que era a aprovação de Bush no mesmo momento de seu primeiro mandato.

O presidente já está utilizando a única alternativa que lhe restou segundo as pesquisas: já que o povo identifica a crise como sendo herança de Bush, está intensificando as críticas ao antecessor. É uma estratégia política para ter ao menos o apoio dos seus colegas do Partido Democrata, mas é exatamente “a velha política” do partidarismo que ele prometia tanto combater.

Publicado no Jornal Dois Irmãos de sexta-feira, 20 de março de 2009

O céu será o mesmo com Clodovil?, por Claudio Júnior Damin

Publicarei também regularmente neste blog, textos de Claudio Júnior Damin, formado em Ciências Sociais e mestrando em Ciência Política. É colunista desde 2005 da Folha do Nordeste, de Lagoa Vermelha.

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O céu será o mesmo com Clodovil


Na última terça-feira a indesejada das gentes arrebatou o apresentador e deputado federal Clodovil Hernandes. Figura conhecida por todo Brasil, Clodovil viveu uma vida de extremos, de polêmica, de verdades e de crises. E, por isso mesmo, foi uma daquelas pessoas em que o ponto médio quase é inexistente: ou se ama, ou se odeia.

De menino adotado por um casal de espanhóis a grande estilista, de exímio apresentador e comunicador de televisão a deputado federal, de homem com crença inabalável a Deus a polêmico e “liberal” em suas declarações, de pessoa bondosa e caridosa, mas descontrolado em seus gastos pessoais, Clodovil foi, sem dúvida, um brasileiro com “b” maiúsculo.

Sua língua ferina e “venenosa” lhe fez adquirir uma espécie de “clube de ex-amigos” e, também, de “ex-empregos”. Clodovil tinha, sem dúvida, o dom da palavra. Falava muito, e com conteúdo. Exalava uma paixão pela vida e a certeza da morte não o fazia temente a ela. “Não tenho medo da morte”, repetia.

Mas o que eu mais admirava nele, como ser humano, era o seu agradecimento a Deus. Enquanto muitos tentam escondê-lo de suas vidas, Clodovil, durante sua existência, manteve o discurso de tributo a ele. Sentia a presença de Deus nas flores, nas árvores, em sua residência em Ubatuba, incrustada no alto de um morro. Dizia que as coisas da natureza eram demais perfeitas e que apenas Deus teria conseguido fazê-las.

As polêmicas em que se envolveu durante sua vida jamais colocaram em xeque o seu caráter ou honestidade. Crescendo na vida, reputava que sua consciência e seu caráter eram os maiores bens que sua amada mãe havia deixado como herança. “É preferível afrontar o mundo e servir nossa consciência a afrontar nossa consciência para ser agradável ao mundo”, eis uma das grandes frases do apresentador.

O apresentado da “lente da verdade”, o costureiro que fez e lançou moda, o cidadão que fez teve quase 500 mil votos para deputado federal em 2006 e o político que tinha a consciência de que “o povo não ama Brasília” agora jaz à presença divina. Deixou um legado importante, que será por muito tempo reconhecido como um dos protagonistas da moda e da história da televisão brasileira.

Por ironia do destino Clodovil tombou no dia do nascimento de sua maior amiga, Elis Regina, num 17 de março que trouxe o luta à Brasília, às instituições nacionais e à televisão brasileira.

Uma vez disse que, com ele na Câmara dos Deputados, “Brasília nunca mais será a mesma”. E agora a multidão de seus admiradores deve estar se perguntando: “O céu será o mesmo com Clodovil?”

*Publicado no jornal Folha do Nordeste, coluna do dia 20 de março de 2009.

Thursday, March 19, 2009

Crescimento da população latina nos Estados Unidos é impressionante*

Aqui nos Estados Unidos estamos entrando na primavera e, pouco antes de chegar a nova estação, é costume nas escolas e Universidades os estudantes terem uma semana de descanso. Por esse motivo, não tivemos aula desde segunda-feira até hoje. Aproveitei o Spring Break, como é chamado, para visitar Nova Iorque e conhecer um pouco mais de Washington. Hoje pela manhã, por exemplo, fomos à Suprema Corte e ontem assistimos a mais uma palestra no Cato Institute – ambas atividades estarão neste final de semana no meu blog.



Festa latina

Ontem à noite, fomos convidados por um amigo boliviano de um colega nosso para conhecer uma danceteria latina em Fairfax, que fica a uns quinze quilômetros daqui. Eu já tinha ido em uma danceteria latina aqui em Arlington, mas o que foi novo foi a perspectiva que vi de lá: quatro carros de polícia do lado de fora, seguranças rodando por dentro da casa o tempo todo, inclusive com lanternas nas mãos que utilizavam para, sem pedir licença, mirar nos pés ou até nos rostos das pessoas. Achei curioso – e bastante desrespeitoso. Ao sairmos do local e nos dirigirmos ao carro, à nossa frente andavam duas jovens. Uma delas, visivelmente bêbada, era amparada pela amiga que tentava disfarçar ao máximo os passos bambos da guria que se passou no trago. Perguntei ao amigo que acabáramos de conhecer – Álvaro se chamava – porque toda essa preocupação em não demonstrar que estava bêbada, já que o carro estava logo ali. Ele me respondeu, observando os carros de polícia enfileirados do lado de fora: “aqui em Fairfax as leis são levadas muito a sério. Estar bêbado em público é ilegal”. “Mesmo que a pessoa não tenha feito nada, ela pode ser detida?”, insisti. “Mesmo assim. E, se for latina e não estiver com os documentos em dia, é motivo para deportação”.



Espanhol por todo lado

“As coisas por aqui em relação aos latinos pioraram muito nos últimos anos”, continuou Álvaro. “A partir dos atentados de 11 de setembro?”, perguntei. “Exatamente”, foi a resposta. Na verdade, os latinos estão por toda a parte aqui em Washington e região. O espanhol é a segunda língua mais falada e praticamente todas as lojas têm alguém que fale a língua para atender o público hispânico. A maioria dos imigrantes são do México (mais a oeste dos EUA) e da América Central, mas também há muitos bolivianos, peruanos e colombianos. As placas e anúncios em supermercados também estão adaptados à realidade: inglês e espanhol têm inclusive o mesmo tamanho de fonte (foto). Na verdade, o que poucos sabem é que, apesar de o inglês ser o idioma mais falado do país, ele não é o idioma oficial dos Estados Unidos. Nem o espanhol. Os EUA não têm idioma oficial, já que os fundadores deste país pensavam que, no futuro, as coisas poderiam mudar e o inglês poderia deixar ou não de ser menos falado. De fato, o inglês ganhou do alemão como língua a ser utilizado nos documentos oficiais escritos pelos founding fathers pela diferença de apenas um voto.

A julgar pelo crescimento da comunidade hispânica por aqui, a língua mais falada pode passar a ser outra mesmo. Segundo projeções, em 2050 a população hispânica poderá a chegar a 29% do total dos americanos. E bem por isso, no espectro mais conservador da política americana, políticos querem tornar o inglês idioma oficial enquanto ainda é tempo.



Competição de Robótica

Os leitores do Jornal Dois Irmãos que acompanharam as crônicas que eu enviava dos Estados Unidos há cinco anos devem lembrar-se que participei então de uma competição de robótica aqui. Junto com a Patrícia Weber, fomos dois os dois-irmonenses a integrar a equipe de Robótica Educacional do Pio XII – e voltamos dos EUA com um troféu, o Chairman’s Award. Aproveitei minha ida a Nova Iorque para visitar a competição regional de que participou o REPIO neste ano. Novamente, a equipe foi premiada – recebeu o Judge’s Award, que premia a equipe que tiver o melhor robô considerado pelos juízes do evento.

*Publicado no Jornal Dois Irmãos de sexta-feira, 13 de março de 2008

Thursday, March 12, 2009

Under Control

 
A saída para Nova Iorque, domingo, foi às 3:30 da manhã. Para começar, uma aventura. Estávamos os room-mates José Alvaró (Bolívia), José Miguel (Chile) e eu no Irish Pub aqui perto de casa a 15 para uma da manhã, quando José Miguel me lembrou que às duas da manhã seriam, na verdade, três. Me explico: tivemos uma mudança de horário de sábado para domingo e, não sei porque, aqui a fazem às duas da manhã. Como tinha de pegar duas linhas de metrô e caminhar mais um pedaço para chegar à estação da Greyhound - e minha mochila sequer estava pronta, já que tinha decidido ir-me à Nova Iorque pouco antes das nove da noite do dia seguinte - voei para casa. Pagamos a bebida e nos fomos.

Cheguei à rodoviária às 3:40. O ônibus saiu, contudo, com meia hora de atraso. Além de pela primeira vez experimentar uma situação de atraso por aqui, onde quase tudo tem horário para começar e terminar, fui, como outros passageiros, bastante mal atendido na rodoviária ao pedir informações.

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De Nova Iorque, 8 e 9 de março

Primeiro destino da minha viagem, até porque foi o motivo principal para abalar-me na madrugada de sábado a domingo para NYC, foi o Jacob Javits Convention Center, onde ocorreu a regional de Nova Iorque da FIRST Robotics Competition. Em 2003, quando estive pela primeira vez nos EUA, também participava da equipe de Robótica do Colégio Pio XII, que naquela vez disputou a regional de Nova Jersey. Acompanhar as provas durante a parte da manhã deste domingo foi reviver um pouco do que passamos naquela outra oportunidade.

 
Infelizmente, as alianças que a equipe do Pio XII, Under Control, fez durante a manhã não permitiram que repetissem os bons resultados da tarde de sábado. Contudo, a equipe se classificou para a fase final por ter sido escolhida por outras alianças e, além de os jovens terem o seu trabalho reconhecido pelas outras equipes, a Under Control recebeu o prêmio máximo concedidos pelos Juízes da regional pelo robô que construíram. Parabéns ao REPIO, que é orgulho para Novo Hamburgo e a região.
 
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Wednesday, March 11, 2009

Atualização do Blog

Estamos agora em Spring Break aqui, o que significa que não teremos aula durante toda esta semana. A maior parte dos meus colegas viajaram pelos EUA para conhecerem melhor o país - alguns foram para São Francisco, outros para St. Louis, outros ainda para Philadelphia... Eu aproveitei para visitar Nova Iorque, para onde fui neste domingo. Já estive lá uma vez há cinco anos quando participava do projeto de Robótica do Pio XII em uma passada rápida e agora pude conhecer mais coisas.

Monday, March 9, 2009

O Brasil faz parte da América Latina?*

A pergunta parece ser fácil de responder, afinal, a minha geração já está acostumada a chamar a região em que está inserido nosso país no hemisfério ocidental de América Latina. Salvo Estados Unidos e Canadá, os demais países das Américas, da Argentina ao México passando pelas ilhas da América Central são considerados integrantes da tal América Latina. Se, porém, refletirmos melhor sobre os aspectos culturais, políticos e sociais da nossa região, perceberemos que a resposta sim à pergunta que intitula este artigo não é tão óbvia - e talvez nem seja verdadeira.

É o que sustenta o professor Leslie Bethell, professor emérito da Universidade de Londres e ex-diretor do extinto Centro para Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford. Segundo ele, o Brasil não faz parte da América Latina. Em uma palestra muito concisa e clara, Bethell mostrou as diferenças históricas que foram afastando o Brasil dos seus vizinhos espanhóis desde antes da independência e principalmente depois dela. Simón Bolívar, chamou a primeira conferência pan-americana, com o intuito de unir os países recém-independentes das Américas, sem ter convidado o Brasil que, aliás, nunca era citado pelos literatos do lado espanhol do nosso continente como país integrante da América Latina.

Estas diferenças culturais que temos com nossos “hermanos” percebo diariamente aqui: as músicas que cantam, as comidas que comem, os noticiários a que assistem, todos são similares no lado espanhol das Américas - que, aliás, está muito mais ciente do que passa no do que nós estamos quanto ao que ocorre por lá. Para mim tem me dado a impressão de que os demais países da América Latina são mais estrangeiros para os brasileiros do que os Estados Unidos ou a própria Europa, principalmente porque nos nossos noticiários temos muito mais acesso ao que ocorre neste lugares do que o que se passa com nossos vizinhos peruanos, bolivianos ou colombianos, para ficar em alguns exemplos.

Apesar de concordar com a análise que fez o professor Bethell de que o conceito de América Latina englobando o Brasil surgiu principalmente após a Segunda Guerra Mundial quando os EUA dividiram os países do mundo em regiões geoestratégicas - e daí, portanto, o motivo por que hoje o Brasil é considerado mais do que em qualquer outra época parte integrante da América Latina -, hoje não podemos fugir à realidade e querer descolarmo-nos da região.

Ao contrário, percebo que o Brasil é visto no resto do mundo como um líder regional de grande importância e que exercerá natural liderança sobre os demais países latino-americanos cada vez mais. O prof. Bethell, inclusive, fez uma crítica à diplomacia brasileira: segundo ele, apesar de achar que o Brasil não faz parte da América Latina, sua liderança está sendo natural e o Itamaraty perde tempo demais tentando reafirmá-la, quando deveria colocar o país mais em posição de liderança mundial e buscar boas relações com outros países justamente pelo fato de que sua liderança em nosso continente vem por si só.

P.s.: Durante esta semana que passou e a passada tivemos vários encontros interessantes. Um deles foi com o agente da CIA Robert Vickers Jr. sobre a política norte-americana para a América Latina. Infelizmente, algumas palestras como esta não podem ser publicadas por tratar-se de um ambiente acadêmico. Outras, porém, podem ser reproduzidas, como por exemplo o encontro que tivemos hoje com o Embaixador do Peru ou a conferência sobre as eleições em El Salvador.

*Artigo publicado no Jornal Dois Irmãos de sexta-feira, 6 de março de 2009

Tuesday, March 3, 2009

Mais uma semana turbulenta no mundo econômico

Hoje publico o primeiro artigo escrito por Cassio Pit, formando em Economia pela UFRGS, que contribuirá regularmente com este blog e com o site www.marcelvh.com.br, saindo do forno.

Mais uma semana turbulenta no mundo econômico

Por Cassio Severo Pit

O alto grau de incerteza e imprevisão que ronda os mercados talvez seja um dos sintomas que melhor dimensionam o tamanho da crise da economia global. Quando se trata do ambiente econômico uma má notícia pode ser ainda pior se estiver fora das expectativas dos agentes. Os recém divulgados balanços de grupos financeiros britânicos e norte-americanos e o desempenho do produto nacional dos Estados Unidos ficaram abaixo das projeções já pessimistas do mercado. E, como num processo de retroalimentação, jogaram mais dúvidas sobre a real magnitude da recessão em que a economia global adentrou.

Na mesma semana o Royal Bank of Scotland (RBS) e a seguradora norte-americana American Internacional Group (AIG) anunciaram prejuízos monumentais. O RBS apresentou em 2008 a maior perda anual da história das corporações britânicas, 34,2 bilhões de dólares. A AIG conseguiu ir além, divulgando um prejuízo trimestral superior a 60 bilhões de dólares.

Normalmente, empresas com rombos até inferiores aos anunciados pelas duas companhias teriam como destino a bancarrota. Mas ao que parece, uma das lições aprendidas nestes tempos de crise é que as leis de mercado para o sistema financeiro são válidas somente para períodos de expansão.

Pioneiro na solução de injetar recursos estatais para limpar instituições financeiras de ativos podres, o governo britânico colocará mais 14 bilhões de libras no RBS, totalizando 34 bilhões de libras – 47,7 bilhões de dólares, em auxílio deste o ano passado. Já o Departamento do Tesouro norte-americano disponibilizou mais 30 bilhões de dólares à AIG, que irão somar-se aos 150 bilhões de dólares de 2008.

Para justificar o auxílio que elevou a participação do governo a 80% do capital da seguradora (para efeito de comparação, a participação do governo brasileiro nas principais estatais de capital aberto do país, a Petrobras e Banco do Brasil, não chega perto disso), o Tesouro e o Federal Reserve argumentaram que a instituição possui em sua carteira de seguros operações de empresas responsáveis pelo emprego de 100 milhões de norte-americanos, 2/3 da força de trabalho da nação.

Completando a nebulosa semana, o PIB norte-americano recuou 6,2% no quarto trimestre, o dobro da previsão de analistas e o pior resultado trimestral desde 1982. Na segunda-feira, 02 de março, o índice Dow Jones fechou no menor nível em mais de uma década, arrastando para a queda as bolsas de valores ao redor do mundo.

Recessão na Zona do Euro e nos Estados Unidos, desemprego que pode alcançar dois dígitos em muitos países, comércio internacional em queda, contágio da crise nos países em desenvolvimento... Eis, enfim, uma equação difícil de ser resolvida e indicativa de que, no ambiente econômico, no curto e mesmo médio prazo há pouco espaço para otimismo.

Rush Limbaugh e seu discurso à nação

Neste sábado presenciei um dos mais memoráveis discursos que vi até hoje. Rush Limbaugh, radialista conservador norte-americano, falou para um público de quase 10 mil pessoas no Omni Hotel de Washington durante o CPAC - Conservative Political Action Conference. Fui por conta ao evento e lamentei profundamente não tê-lo assistido desde o primeiro dia, já que começara na quinta-feira (não poderia tê-lo feito, contudo, se não tivesse deixado de frequentar as aulas de Goergetown, o que tampouco era aconselhável).
Estava lendo hoje a transcrição do discurso em sua página oficial e fui me lembrando inclusive da entonação de cada parte da sua fala. Impressionante.
Não vou repetir o texto aqui, mas vou fazer algumas considerações sobre o que mais me chamou a atenção e em alguns casos relacioná-lo ao que percebo no Brasil.


Barack Obama não é unanimidade

Nem de longe. Ainda que esteja em lua-de-mel com grande parte do povo norte-americano, as atitudes mais recentes estão fazendo com que quem se considera conservador (ou seja, defende intransigentemente a liberdade individual e um governo que interfira o menos possível em sua vida) reforce suas convicções. Pacote de estímulo a economia de quase um trilhão de dólares que vai gerar endividamento antes mesmo de se ter fonte de receita prevista era tudo que os conservadores precisavam para iniciar a crítica. De defensor do welfare state a socialista, Obama começa a ouvir críticas mais vigorosas às suas políticas.


Não pense que é minoria.

Uma coisa que muitas vezes faz com que ajamos na defensiva e acabemos sucumbindo aos ditames de uma dita maioria é supor que sejamos a minoria. Isso não se faz - há que se pensar grande e agir como se fossemos sempre a maioria.

Não dou tempo para quem me ofende
Às vezes, pensamos muito no que os outros vão pensar do que dizemos quando o que temos a dizer é muito mais importante do que o próprio ser que pode vir a nos contestar. Ter coragem para se dizer o que pensa é fundamental e a única forma de conseguir atrair apoiadores à causa. No Brasil, infelizmente, o politicamente correto é mais do mainstream - está virando questão de bom senso falar "pisando em ovos" para não correr risco de ofender ninguém. Esta é a forma mais fácil de não se conseguir comunicar nada.
Por exemplo, a palavra conservador virou já palavrão no Brasil. É verdade que nossa história é muito diferente da norte-americana e, conservar no Brasil pode dar a idéia errada de conservar privilégios, mamatas, status quo, etc. Temos de ter mais coragem e dizer as coisas como são: ser conservador implica em conservar valores e tradições, como da família, da ética, da liberdade, do bem comum e da democracia. E, dada a situação política e social brasileira hoje, não há nada mais indicado do que defender e conservar estes valores que, na verdade, são os únicos capazes de alterar nosso triste status quo. Aqui nos EUA, é muito claro o que é ser conservador e os que são tem orgulho de dizer que querem ver conservados os valores básicos que fundaram esta próspera nação.
No Brasil, apesar de nossa população em sua maioria ser favorável a estes mesmos valores, nossos líderes se escondem, evitam dizer que são conservadores. Aliás, evitam dizer qualquer coisa que possa significar tomar posição - e não se pode isentar mais praticamente ninguém no Brasil hoje de preferir tomar esta lamentável e indigna atitude. A grande maioria dos políticos brasileiros pensa apenas em capitalizar votos por meio de ações visíveis, administrativamente indicadas, e prefere ignorar totalmente qualquer ideologia - mormente a conservadora de valores, que tanto carece de líderes dispostos a defendê-la num período de desmandos, ineficiência e incompetência da esquerda no Governo Lula.
Nos EUA, os líderes conservadores estão aproveitando desde o início do Governo Obama para demonstrar a população aonde pode levá-la atitudes como as propostas pelo presidente de aumento do tamanho do governo e de redistribuição de renda sem que se pense em criação de renda. No Brasil, a fórmula já está sendo aplicada há tempo e a situação só tem piorado, vide a cada vez menor autonomia e liberdade que tem o cidadão e os municípios em que vive, e nossas lideranças mais lúcidas acham que vão iluminar o povo durante uma campanha de noventa dias. Ilusão. Acabam elas também sucumbindo ao politicamente correto e dando tempo e razão para os argumentos do que as ofendem.

Conservadores querem que as pessoas se dêem bem, sejam estimuladas; a esquerda costuma passar mensagens de pessimismo, miséria
O discurso da raiva, do ódio, dos ricos e dos pobres, das classes sociais - . Limbaugh lembrou que quem faz distinção de classe e mais a promove é justamente quem diz para negros, mulheres, gays, etc, que precisam de políticas sociais porque não têm outra forma de vencerem o preconceito - e assim de fato dizem os democratas. Para os pobres, convencem-nos de que precisam do Estado para sair da situação em que estão, que não há outra forma de sair dela sem ajuda do governo - e acabam destruindo sua ambição. Essas as considerações de Limbaugh.
E porque elas são possíveis aqui? Porque na América a maioria da população prefere fazer caridade com seu próprio dinheiro diretamente. Prefere ajudar uma instituição, participar de uma associação, estimular quem tem menos condições financeiras a ambicionar mais. Em geral, americano tem medo de governo, e menos ainda quer que o governo decida por ele de que forma vai utilizar seus impostos em projetos sociais. Ele prefere obter um desconto no imposto de renda e decidir por si próprio o que fazer com o dinheiro.
Conservadores querem reduzir o tamanho do governo, querem que as pessoas tenham sucesso por si próprias por meio de oportunidades iguais, pois sabem que elas são diferentes e não pode haver um Pai Estado para decidir por elas o seu futuro.

(Esta postagem está sem revisão e será continuada por outra a ser publicada amanhã)

Monday, March 2, 2009

Muito frio em Washington

De Snow in Arlington

Hoje está sendo o segundo dia mais frio desde que cheguei aos EUA. O primeiro foi quando fizemos um tour pela cidade e conhecemos o cemitério de Arlington - eu não tinha comprado gorro nem xale, o que me fez passar o dia de forma muito desconfortável, ainda que tivéssemos passado pela Casa Branca e pelo Capitólio. O pior foi passar pelo Cemitério de Arlington (onde estão mais de 300 mil soldados norte-americanos enterrados) com menos 11 graus célsius e uma sensação térmica ainda pior, já que a visita foi quase toda externa.
Amanhecemos hoje com a notícia de que as aulas tinham sido canceladas pela manhã. A tempestade de neve foi tão forte que impossibilitou o deslocamento por praticamente toda a cidade. Ontem ao final da tarde começou a nevar e à noite já era considerável o volume de neve. Descemos do nosso apartamento em Arlington José Miguel Ossa (Chile) e José Alvaró Benages (Bolívia) à uma da manhã para tirar umas fotos e acabamos fazendo um boneco de neve.

A revolução da internet na política

Hoje estamos tendo aula com Matias Jove, da e-parachute, que está falando sobre "Liderança e criação de redes sociais". A aula está abordando o tema do "quinto poder" - já que mídia tradicional é considerado o quarto - chamado internet - web 2.0 - e como ele está revolucionando campanhas eleitorais e a forma como os políticos se comunicam com a população.
De fato, lendo o Washingpost de ontem, percebi como está em crise a mídia tradicional aqui - e o mesmo não tarda a acontecer no resto do mundo. Com o fácil acesso à internet nos EUA a todos, a mídia impressa em especial está perdendo importância. Neste final de semana, por exemplo, o principal jornal de Denver, no Colorado, fechou suas portas. E a comunicação por internet por meio de blogs, sites e redes sociais como o Orkut ou o Facebook está aproximando os políticos dos seus eleitores.
Pena que no Brasil estamos caminhando no sentido oposto. Nas últimas eleições, as restrições à utilização da internet foi tamanha que inviabilizou para muitos candidatos esta democrática e barata ferramenta de comunicação. Políticos há anos no poder com razão temem por seus postos com a utilização destes meios para divulgação de novas idéias. Por isso, está em nossas mãos reverter isso - e espero que já nas próximas eleições nossa legislação e as resoluções do TSE caminhem no sentido oposto, dando mais liberdade de expressão e de comunicação com o eleitorado, em especial para os jovens.

Invent Your World


Invent Your World. Um amigo passou-me por email a dica. Jovens brasileiros de 12 a 24 anos que tenham idéias que possam melhor o mundo e facilitar o dia-a-dia das pessoas, podem se inscrever e ganhar até mesmo uma bolsa de 20 mil dólares. A promoção é da Lemelson Foundation. Se você tem uma boa idéia, acesse http://www.inventyourworld.org/ e confira o regulamento. Prazo: 15 de março.