Sunday, May 17, 2009

No jogo de beisebol


No jogo de beisebol
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Estamos assistindo Nationals de Washington e os Phillies da Filadélfia, na casa dos primeiros. Quem vem para os EUA realmente deve passar por essa experiência - assistir a um dos esportes nacionais favoritos num Estádio. Estou aqui com meu amigo Timothy Starker, que conheci na comunidade luterana Our Savior Lutheran Church, de Arlingtom.

Voto distrital - no Jayme Copstein de sábado

O colunista Jayme Copstein, que mantém coluna diária no Jornal O Sul, publicou ontem no seu espaço minha opinião, na íntegra, sobre o voto distrital que deixei no seu site.
Espero que esqueçam de uma vez de implementar o sistema de voto em lista... MvH

Voto distrital

Por Jayme Copstein (disponível em http://www.jaymecopstein.com.br/content/Default.asp?acao=CC&secId=1&ediId=277&calendario=17/5/2009&cntId=1596#1596 e publicado na edição de sábado do Jornal O Sul)

Diversos leitores honram a coluna com sua opinião no debate aqui colocado sobre a oportunidade de se adotar o voto distrital para corrigir a perversão política que infecta o Brasil, o voto proporcional, permissivo da corrupção por tirar do eleitor o poder de fiscalizar seus representantes.

Marcel van Hattem é bacharel em Relações Internacionais e especialista em Democracia Constitucional. Frequenta este espaço com alguma assiduidade. Atualmente, se encontra nos Estados Unidos, participando de programa do Latin American Board. Visitou recentemente o Congresso norte-americano e relata as suas impressões:

"Fico feliz com a repercussão do assunto voto distrital nesta coluna. Sempre fui favorável ao voto distrital, principalmente o distrital misto a princípio. Hoje, confesso que já estou mais inclinado ao puro mesmo. Nesta semana, visitei o Congresso americano e conversei pessoalmente com o deputado Lincoln Diaz-Balart. O orgulho do homem de dizer que estava há 18 anos como deputado e isso significava que ele trabalhava bem e que ser reeleito aqui era sinônimo de estar correspondendo aos anseios da população, me chamou muito atenção. Ele chegou ao cúmulo (isso pensei enquanto ele falava com a gente) de dizer que não conhece outro sistema no mundo em que o deputado seja um ombudsman para o eleitor como nos EUA.

Depois, quando voltei pra casa e pensei que o deputado não estava tão errado assim. Sim, exageramos muitas vezes e queremos copiar demais o que os gringos fazem nos Estados Unidos. Temos outra formação histórica, outra cultura, mas o princípio da política é o mesmo em qualquer lugar. A democracia representativa é feita de representação. E representação popular, não de entidades, não de classes, não puramente de ideologia. E nesse ponto, não tem nada que represente melhor o eleitor, o povo, uma comunidade, do que um deputado distrital.
Mesmo, sendo um deputado distrital, esse mesmo deputado – Lincoln Diaz-Balart – discutiu conosco temas nacionais e internacionais (!). Ou seja, ser vereador federal não é problema – é bom! Precisamos de gente em Brasília que se preocupe com a gente, nas cidades!

A função política em Brasília acaba empurrando-os também a discutir política nacional, bem como a Constituição e os outros Poderes. O que falta, é discutir o problema do cidadão. E sem responsabilização perante o cidadão, sem voto distrital, isso se torna impossível. Com lista fechada, pior ainda. Aí, sim, vão mandar as corporações, que vão querer ter os seus indicados no topo das listas, e o dinheiro, tanto das corporações como dos financiadores da campanha dos candidatos, pois ninguém sem recurso pra fazer campanha vai encabeçar uma lista. Impossível".

A propósito

Por que o deputado Fernando Marroni propõe plebiscito para "oferecer" a Lula um terceiro mandato, não o faz também em relação ao voto distrital? Por que ele aceita, sem discutir, que Zé Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros e outras reservas morais da Nação empurrem garganta abaixo do povo brasileiro, o voto de lista, que tira do eleitor o direito de ao menos indicar quem deseja ver eleito para a Câmara Federal? É uma contradição insanável.

Saturday, May 16, 2009

A um clique de distância

Estou voltando de Nova Iorque - onde tivemos hoje um Brunch com a família Ling - para Washington... e blogando de dentro do ônibus. De tudo o que
estou aproveitando nesta experiência no exterior, sem dúvida uma das coisas
que mais vai me marcar é a utilização da tecnologia. No Brasil eu já tinha, havia pouco mais de um ano, um plano de dados no meu celular, que usava para
baixar emails, acessar a internet, usar o messenger e fazer chamadas pelo skype.

Aqui, porém, o meu aproveitamento dos diversos recursos à disposição aumentou exponencialmente. Além das aulas que tivemos na universidade sobre o assunto, o ambiente é totalmente propício por aqui para a exploração de novas tecnologias. Meu site, agora definitivamente no ar, interliga a maior parte das mídias sociais que utilizo. Meu Flickr recebe fotos que mando diretamente do meu celular, com título e descrição, e transforma automaticamente em post no meu blog, sem precisar entrar com login e senha ou sequer abrir um laptop.

No ônibus, posso utilizar a internet no meu laptop a viagem toda porque o veículo tem *wireless *grátis (a passagem custou US$ 19,00) - só não vou poder ficar conectado as quatro horas porque este ônibus em particular não tem tomadas para recarregar a bateria do laptop (os mais novos têm tomadas em cada banco). Enfim, a utilização da tecnologia e da internet quebra barreiras diariamente e, aproveitando o tempo que tenho às noites e nas madrugadas, muitas vezes exploro novas ferramentas que posso utilizar para *blogar*, *flickar*, *twittar e facebookear* com mais efetividade.

Cada vez menos somos incógnitos para o mundo. E cada vez mais depende apenas de nós tomarmos atitude e postar aquilo que queremos dizer e defender, afinal, comunicar-se, hoje, está a apenas um clique de distância

Friday, May 15, 2009

Encontro com Luis Alberto Moreno

Em vídeo, minha pergunta a Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento sobre energias renováveis e sobre o tamanho do Estado na América Latina. Perguntou se era paulista. Não sou. Sou gaúcho, de Dois Irmãos. E o presidente do BID agora sabe.

Thursday, May 14, 2009

Apresentação do BID


Apresentação do BID
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Chegou Moreno, o presidente do banco, e iniciou com uma apresentação da instituição - em vídeo, uma palhinha. Em breve um post sobre o que Moreno disse aos jovens líderes latino-americanos aqui presentes.

Esperando pelo presidente do BID

O encontro especial de hoje organizado pela Georgetown é com presidente do BID, Luís Alberto Moreno. Estamos esperando ansiosos sua chegada.

Wednesday, May 13, 2009

Visitas ao Departamento de Estado e ao Congresso

Tivemos até aqui uma semana bastante especial. Depois de muitas semanas de atividades acadêmicas, as visitas que fizemos ontem ao Departamento de Estado - cujo post no blog continuo devendo - e ao Congresso Americano foram de aprendizado prático. Abaixo, uma seleção das melhores fotos dos dois dias.

Visita ao departamento de Estado:



Visita ao Congresso americano:

Como funciona a Câmara dos Deputados nos EUA?

Sim, nós já tivemos essa aula aqui. Foi na primeira semana. Mas... era teoria. Hoje, ouvimos de um deputado - chamado representative por aqui, ou representante - como é na prática. Lincoln Diaz-Balart, da Florida, abriu as portas do seu gabinete para nós e falou sobre como funcionam as negociações, as reuniões, as conversas entre os deputados para aprovar algum projeto. "Tem que suar. E suar muito". Segundo Diaz-Balart, poucos temas são partidários. "Nada aqui é 100% partidário. Republicanos divergem com republicanos e democratas divergem com democratas a respeito de muitos temas, e é isso que faz as coisas serem mais difíceis, afinal, chegar a um acordo não é fácil e envolve muita gente", ressaltou.

Diaz-Balart é autor da lei que deu ao Congresso o poder de decidir sobre o embargo de Cuba - se se mantém ou se se levanta. "Até 1996, era responsabilidade única do presidente o tema. Eu não podia aceitar isso, tem que haver debate sobre isso. Sou cubano-americano e me ocorreu essa idéia. Agora, não é o presidente quem decide isso sozinho. Pelo contrário. O congresso tem que tomar a decisão", disse. "Aqui se trabalha em coalizão sobre diferentes temas, unindo republicanos e democratas em torno de objetivos e interesses comuns. Se não fosse assim, certamente teríamos quatro ou cinco partidos surgindo de cada um dos dois partidos, de tanta divergência que há internamente".

O deputado também falou sobre como é seu trabalho nas bases. O sistema americano é de voto distrital e cada distrito elege apenas um deputado. "Isso nos aproxima mais do eleitor, somos um verdadeiro ombudsman. Cada deputado tem à sua disposição 20 assessores. Eu tenho a metade deles trabalhando nas bases. Quantas pessoas atendemos ao ano no nosso escritório local?", perguntou ele à sua chefe de gabinete, Ana Carbonell, ao que rapidamente respondeu: "cerca de 10 mil, com assuntos de todo tipo, desde moradia popular até assuntos de migração e de acesso a crédito para pequenas empresas". "Entendem?", continuou o deputado. "Temos de atender as pessoas bem, individualmente. E elas podem até discordar de algumas posições ideológicas no Congresso ou terem uma imagem ruim do Congresso de forma geral, mas jamais vão permitir que se fale mal do seu representante se ele a tiver ajudado. Essa é a beleza do sistema, estamos próximos do cidadão, ele sabe quem é seu representante. Todos na minha região sabem que eu sou o seu representante", contou-nos, ressaltando que nesse mandato fechará 18 anos como Representante, equivalente ao nosso deputado federal.

"A cultura aqui é de que o Representante é servidor da população. Cada cidadão é chefe do seu representante e por isso, como temos eleições a cada dois anos para deputado, temos de nos mexer e mostrar serviço ao máximo". A reunião, rápida porque a agenda estava cheia, teve também aula de direito constitucional americano. "Todos aprendem nas escolas que a Constituição Americana é escrita. Isso não é verdade em muitos casos. Como a Inglaterra, que tem uma Constituição totalmente não escrita, os EUA também têm muitos casos em sua legislação constitucional que não estão entre os sete artigos da nossa Constituição Escrita. Um exemplo é a aprovação de Leis no Senado, que exigem 60 votos. Isso nunca foi escrito na Constituição! Mesmo assim, é tradição e é, sim, no final das contas, um dispositivo constitucional, como tantos outros exemplos que eu poderia dar", concluiu.

Como o Senado americano vê a América Latina

Petróleo, Brasil, Cuba e México. Essas são as prioridades neste momento para a Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano no que diz respeito à América Latina. Carl Meacham, principal assessor de Richard Lugar, presidente da Comissão no Senado, falou conosco na tarde de hoje em frente à escadaria do Capitólio (a reunião estava marcada para as 14h dentro do Senado, mas uma série de contratempos acabou atrasando o grupo e, já que a partir das 15h a sala da Comissão já estava reservada, tivemos a conversa no "ambiente externo"). "Em relação ao Brasil, o que mais interessa-nos é a questão da energia renovável e amudança climática", disse, lembrando que foi muito sugestivo da importância do nosso país para os interesses estratégicos americanos a recepção na Casa Branca de Lula logo no início do mandato de Obama.

Quanto aos outros temas, o petróleo engloba tanto o México, como também o Canadá e a Venezuela. O tema cubano é importante neste momento devido à mudança na abordagem do governo americano com a nova administração mais em direção ao diálogo do que ao isolamento, com a real perspectiva de se levantar o embargo dos EUA à Cuba. "Contudo, não se trata de algo que os EUA esteja se inclinando a fazer por se tratar de uma atitude que vá beneficiar bilateralmente os dois países", advertiu. "Trata-se, isso sim, mais de uma atitude com vistas a promover um diálogo maior com todos os países da América Latina, já que a maioria, de uma forma ou de outra, cobra dos EUA que levante o embargo".

O México, que passa por dificuldades extremas agora no enfrentamento aos cartéis de droga, continuará sendo o país em que a política externa norte-americana para a América Latina mais está focada. "O México está ao lado dos Estados Unidos, há um grande número de mexicanos no país que votam, temos um grande problema migatório e agora o crescente problema do narcotráfico, o que põe o país como prioridade na agenda americana", disse Meacham. Contudo, não se sabe de que forma a política de Obama vai ser tão diferente da política de Bush. Ao menos no que se refere a recursos, se houver uma correlação direta, pouco mudará. "O orçamento veio da Casa Branca praticamente idêntico ao de Bush. Dos US$ 50 bilhões de dólares destinados ao departamento de Estado, apenas US$ 2,3 bilhões irão para o setor de América Latina", frisou. Ou seja, a retórica pode até estar mudando, mas até que a América Latina seja mais vista pelos Estados Unidos efetivamente como parceira estratégica, pode levar ainda bastante tempo.

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A Obamania continua


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Voltando do Capitólio hoje à tarde, caminhando pela Quarta Avenida, passei pela loja que se diz a loja oficial de souvenirs do dia da Posse do Obama. E não é de se duvidar. Um salão imenso, com camisetas, bonés, chaveiros, canetas, lápis... e um montão de cacarecos com o rosto de Obama e a logotipia da campanha.
A depender pela quantidade de estoque na loja, certamente a Obamania continua por bastante tempo ainda... ao menos até começarem as liquidações. A única que vi da campanha presidencial até aqui, aliás, foi a de camisetas do John McCain. 4 por 10 dólares na tendinha em frente à parada dos Museus Smithsonian.

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Tuesday, May 12, 2009

Visita oficial ao Cato Institute

Estamos em visita oficial ao Cato Institute. Apresentando o Instituto, Ian Vasquez, fala sobre os estudos que a organização faz sobre a América Latina. Mais informações mais tarde.

Revendedoras pedindo socorro

A crise da indústria automobilística americana é tema diário na imprensa. A interferência do governo em favor do setor para salvar os empregos na GM e na Chrysler, principalmente, atingiu níveis nunca vistos antes no setor aqui nos EUA - basta lembrar da interferência direta da presidência da república na demissão do antigo CEO da primeira.
Depois de sucessivos auxílios financeiros do tesouro nacional, porém, a situação não está melhorando. A Chrysler declarou que está falindo e a única solução de mercado vislumbrado é um acordo com a Fiat para produzir carros menores para uma demanda crescente desse tipo de automóveis por aqui.
No rol dos descontentes com a situação, os revendedores - principalmente depois de o governo defender uma diminuição no número de agências para reverter a drástica situação. Como se vê no anúncio de página na foto ao lado, o governo está sendo severamente cobrado - quando, na verdade, o problema todo reside na incapacidade da indústria nacional de competir em preço e qualidade com a estrangeira, em especial a japonesa.

Monday, May 11, 2009

Sobre o desemprego nos Estados Unidos

Fábio Padilla da Colômbia e Piero Ponce do Peru nos encontraram há pouco no Saxby's Café e sentaram-se para acompanhar-nos em um café. Nos jornais de hoje, outra vez a crise econômica. Na edição do New York Times de hoje (foto), os dois campanhan os gráficos publicados pelo jornal comparando os níveis de desemprego e de prejuízos dos bancos mas recessões dos últimos 25 anos.

Entrando


Entrando
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Agora, sim, entrando no Departamento de Estado.

Chegando ao Departamento de Estado Americano 2

Com José Alvaró Benages e Allisón Silva da Bolívia, Laura Tarchopoulus da Colômbia, José António Serrando da Espanha, Maria Isabel Santacoloma da Colômbia e Magdalena Acuña da Argentina, também chegando ao Departamento de Estado

Chegando ao Departamento de Estado Americano

Com Rodrigo Villarán do Peru, Patrício Bichara do México e José António Serrano da Espanha, chegando ao Departamento de Estado

Um amigo se une à caminhada

Correndo atrás de nós pensei que fosse um cachorrinho. Que nada, um esquilo, dos muitos que há por aqui, apareceu no caminho.

Caminhada ao departamento de Estado

Isso não vai prestar... Agora que descobri como blogar enviando emails direto do celular, quero ver parar...
Estamos José Alvaró e eu caminhando sobre a ponte Theodore Roosevelt em direção ao Departamento de Estado, onde temos uma visita agendada. Como se percebe na foto, o Kennedy Center se vê bem daqui.

European Open House

Neste final de semana, foi a vez de a União Européia abrir as portas de suas embaixadas em Washington. No total, 27 residências oficiais, casas consulares e representações diplomáticas de diferentes países europeus abriram suas portas neste sábado. O movimento foi intenso, principalmente nas embaixadas de países mais concorridos. E aí se percebe exatamente porque alguns países são tão mais exitosos na promoção turística, só pelo atendimento ao público já se nota. Postei fotos no meu flickr, confira:

Ilícito

Uma conversa com Moisés Naim, editor da Revista Foreign Policy e autor de Illicit

Mais de dez anos de pesquisa, viagens e entrevistas resultaram em um livro que trata sobre o lado obscuro do comércio mundial. A obra trata de todo tipo de comércio ilícito, desde o tráfico de pessoas, que afeta diretamente 4 milhões de pessoas e gira em torno de 7 a 10 bilhões de dólares ao ano, ao tráfico de drogas (que gerou, apenas às FARC no ano de 2003 quase 800 milhões de dólares), passando por aquele tipo que todos nós conhecemos e que fazemos de conta que não o é: CDs piratas, carteiras falsificadas e eletrônicos fabricados na Ásia e distribuídos no mercado informal antes mesmo de oficialmente lançados.

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O autor recebeu-nos na última sexta-feira no auditório da New America Foundation, que fica um andar abaixo da sede da revista Foreign Policy na área central de Washington. Naím é editor da revista, que é uma das mais renomadas no mundo quando o assunto é Relações Internacionais e vencedora de diversos prêmios de excelência; já foi Ministro da Indústria e Comércio da Venezuela, seu país de origem, e Diretor Executivo do Banco Mundial. A conversa que teve com o grupo de estudantes latino-americanos de Georgetown já é tradição – os jovens das duas edições anteriores do programa também tiveram oportunidade de conversar com Naím. Falou sobre seu livro e sobre o que vislumbra para o futuro da imprensa mundial.

“O problema e a solução passam pela política. E estamos perdendo a guerra”


Para apresentar o tema, um vídeo de dez minutos. Uma espécie de introdução visual tanto ao livro Illicit (em português, Ilícito - o ataque da pirataria, da lavagem de dinheiro e do tráfico à economia global. Jorge Zahar, 340 pp, 2006. R$ 54,00) como ao DVD da National Geographic baseado no livro. Ver imagens em vídeo, depois de ler a respeito já que cada um de nós recebeu uma cópia do livro antes do encontro, impactou e consolidou ainda mais a imagem do que significa o comércio ilegal no mundo – e como cada um de nós está envolvido.

De onde surgiu a idéia de fazer um livro sobre esse assunto?

“Estava caminhando na rua em Milão e, a duas quadras da loja da Calvin Klein estava um senhor, na rua, vendendo carteiras idênticas às que se encontram nas lojas oficiais – eu não conseguia perceber a diferença. Comecei a conversa com o vendedor e descobri que era praticamente um escravo: havia sido trazido da África ocidental, passou alguns meses no norte do continente em um quarto com outros dezessete na mesma situação e depois foi levado à Ilha de Malta. Dali, os chefes do esquema o levaram a Milão e o colocaram para vender as carteiras falsificadas nas ruas. De duas a três vezes ao dia, passava um carro para recolher o dinheiro que arrecadava com o negócio. No fim do dia, era levado para uma cidade satélite de Milão onde compartia moradia com outra dezena de pessoas na mesma situação. Se escapasse, a ameaça era de que matariam à sua família.
Logo em seguida, viajei para Nova Iorque e, no caminho para a reunião que eu tinha lá, encontrei outro africano vendendo na rua a mesma carteira da Calvin Klein e que me contou exatamente a mesma história: foi levado para o norte da África, depois de um tempo para Nova Iorque; ali, passava o dia vendendo suas carteiras em Manhattan e, de duas a três vezes ao dia passava um carro para recolher o dinheiro. No fim do dia, ia para Long Island, a mais ou menos uma hora de Manhattan, onde passava à noite em situação semelhante aos vendedor de Milão. Aí comecei a investigar a fundo como se dão essas redes e de que forma a globalização potencializou esse comércio”.

Como chegamos numa situação dessas?

“Nada disso pode acontecer sem envolvimento de governos – autoridades, oficiais, políticos e fiscais. Sem que ao menos dois governos estejam envolvidos é impossível o comércio ilegal. O problema e a solução passam pela política. E estamos perdendo a guerra. Se os governos não começarem a atuar em conjunto, a situação só tende a piorar – e nos últimos anos, não vi um único caso em que um governo tenha tido mais sucesso do que fracassos combatendo o comércio ilícito”.

O que é pirateado?

“Não há nenhum produto de êxito global que não tenha sido copiado. Nenhum. Claro que é proibido, mas tudo que tem valor comercial é alvo de pirataria”.

E o problema das drogas, que tanto afeta a América Latina?

“Para resolvê-lo, temos de parar de falar somente em probição versus legalização. É óbvio que ninguém quer que seu filho de 14 anos compre heroína, mas também já vimos que prender consumidores de maconha também não está dando resultado. Reunimos intelectuais e autoridades latino-americanas, como os ex-presidentes do Brasil (FHC), Bolívia (César Gaviría) e México (Ernesto Zedillo) para estudar o tema durante dois anos. Chegamos à conclusão de que o problema da maconha, em específico, é mais de saúde pública do que de criminalidade. O custo da proibição hoje, portanto, está sendo maior do que o da legalização. Isso não significa que queremos legalizar as drogas, mas que não se ataque mais apneas nos três eixos tradicionais: moral, educacional e punitivo. Nos EUA, uma geração inteira já não fuma mais cigarro porque sabe que os efeitos do cigarro à saúde são maléficos – e os da maconha também são. A nicotina, aliás, vicia muito mais do que o THC [princípio ativo da maconha]. Do ponto de vista da oferta e da demanda, é muito mais fácil um jovem de 15 anos nos Estados Unidos ter acesso a um baseado do que a uma cerveja ou a um maço de cigarros. Os países latino-americanos muito pouco podem fazer para controlar a produção de droga se não houver uma mudança de abordagem nos países que a demandam. Como convencer um camponês a deixar de plantar coca ou papoula se é mais fácil e muito mais rentável do que outras culturas e o mercado americano e europeu continuam demandando?”

Como atuam as máfias internacionais e quais são as mais importantes?

“Costumamos ter a imagem de que máfia é igual a Marlon Brando, é igual ao Poderoso Chefão, em que há uma estrutura de chefia, de pirâmide. A verdade é que a situação mudou muito. Hoje são redes internacionais que atuam, com o agravante de que os criminosos estão se politizando e a polícia está se corrompendo”.

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Quer saber mais sobre o livro? Em breve, resenha e opiniões quem o leu em www.marcelvh.com.br

Friday, May 8, 2009

Escravos da revolução

Nesta semana tivemos a oportunidade de nos encontrar com uma cubana que mora nos Estados Unidos há pouco menos de um ano e que nos contou como é a vida de quem defende a democracia na ilha de Fidel - literalmente. Seu nome é Bertha Antunez, e ela é irmã de Jorge Luis Antunez, que permanece em Cuba opondo-se ao regime e que, no ano passado, foi liberado da prisão: cumpriu sentença de 17 anos de cadeia por ter, aos 24 anos de idade, liderado um processo pedindo abertura democrática e liberdade no país.

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Falando pessoalmente com uma pessoa como Bertha, perguntando-lhe e ouvindo o que sofreram e sofrem ela, sua família, e todos os que defendem a democracia no país, é uma das poucas formas de se saber melhor o que acontece nesta ilha tão misteriosa. Imagine-se, você, viver num país em que absolutamente NADA é seu. Sua casa é do governo, seu carro é do governo, seu emprego é no governo... tudo o que você compra, por mais que você ganhe 10 dólares por mês – sim, esse é um dos salários mais altos em Cuba – na verdade não é seu.

Perguntamos a Bertha como vai a educação no país, já que normalmente o setor é tido como um dos pontos fortes da revolução. Nas palavras de Bertha: “todos aprendem e sabem ler e escrever; por outro lado, porém, a pessoas vão presas por ler e escrever”. E qual o conceito de democracia para o governo cubano? “Dizem que somos a nação mais democrática do mundo, pois todos são supostamente iguais. No entanto, ninguém tem liberdade para sequer pensar diferente do governo. Ou seja, é uma democracia onde temos a liberdade de dizer ‘viva Fidel!, viva Raul!’”, contou-nos. A mesma coisa, na medicina. Médicos formados em Cuba tem grandes dificuldades em passar nos exames em outros países.

Cuba chamou atenção nos últimos tempos por causa da ausência na cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago. Os socialistas do século XXI exigiam que os Estados Unidos levantassem o embargo contra Cuba e integrassem o país à Organização dos Estados Americanos. A grande verdade é que, enquanto as coisas iam bem com a União Soviética, e Cuba recebia recursos de lá, Fidel ria-se do embargo norte-americano. Agora, utiliza-o politicamente para justificar a miséria social, econômica e política a que submeteu seu povo, a gente como Bertha Antunez, seu irmão, e milhões de cidadãos simples de Cuba que não podem dizer o que pensam se pensam diferente do governo e não podem sair do país a não ser que fujam escondidos, vivendo como eternos escravos da revolução.

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Uma pergunta post scriptum: como tanta gente no nosso país e ao redor do mundo defende o regime cubano? Bem, à parte de serem livres para dizer o que bem entenderem por aí por viverem em sistemas livres e democráticos, muitos realmente não tem noção do que acontece na ilha e voltaria correndo aos seus países de origem se vivessem uma ou duas semanas por lá – a menos que fossem incorporados à burocracia governamental de alto escalão que, essa sim, vive bem. O ranço anti-capitalismo e antiamericano acabam gerando essas paixões por gente como Fidel e Che Guevara, assassinos inescrupulosos que que jamais deram valor ao indivíduo, antípodas da tradição cristã-ocidental. Falar bem de Cuba, apesar de feio, é admissível – até no seu círculo de amigos mais próximo você deve encontrar defensores de Cuba. O problema é quando começam a partir à ação – e isso, infelizmente, é o que está acontecendo em vários países da América Latina e pode significar muitos anos, senão décadas, de atraso para todos nós.

Biblioteca da Georgetown à meia-noite

Ao contrário das bibliotecas da Dona Ufrgs, que às oito estão fechando, aqui elas são 24h. A única vez que minha retirada foi solicitada foi um certo sábado às 3 da manhã. Entre 3h de sábado e 7h de domingo é o único horário que a biblioteca fecha. No mais, está SEMPRE aberta. Tirei uma foto agorinha de uma das áreas mais movimentadas no segundo dos seis andares da biblioteca.

Tuesday, May 5, 2009

Conhecendo um pouco da Austrália e da Indonésia

Uma das nossas colegas de curso, Maria Alegría Molina, economista Equatoriana, também participou do Passport DC. Pedi-lhe que escrevesse algo sobre as embaixadas que visitou e que eu não tive tempo de passar. Mantenho o original em espanhol sobre suas visitas às embaixadas da Austrália e da Indonésia e agradeço pela contribuição.

Conociendo un poco de australia y de indonesia

Por Maria Alegría Molina*

Embajada de Australia

La embajada de Australia fue una de las que mayor acogida tuvo entre los participantes del Passport DC. Para poder accesar a esta Embajada, tuvimos que permanecer 40 minutos haciendo fila, sin embargo consideramos que valió la pena. Durante nuestra estadía en esta embajada pudimos degustar 5 tipos de aceite de oliva, una variedad de queso australiano, y degustamos cordero, pescado y vinos de Australia. Todo esto mientras un aborigen australiano nos deleitaba con el sonido del didgeridoo (en la foto, Katherine Alva, de Peru).

Australia

Además de invitarnos a visitar Australia, la Embajada concentró sus esfuerzos en promocionar Australia como destino educativo, por las sgtes razones:
1. La calidad de la educación (tienen 6 de las 50 mejores universidades del mundo),
2. Australia da facilidad de trabajar mientras se estudia y lo que uno gana trabajando puede permitir cubrir hasta un 80-90% de los costos de manutención.
3. Australia tiene un excelente clima
4. Australia tiene una población muy diversa culturalmente, lo cual es un atractivo que invita a los a conocer y disfrutar.

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Para mayor información de los estudios, consultar www.latinoaustralia.com


Embajada de Indonesia



La segunda embajada que visitamos fue la de Indonesia, la cual es una mansión de la avenida Massachusets conocida como Mansión Walsh. Su primer propietario fue Thomas Walsh, quien compro la casa en 1901. En 1951, la casa fue comprada por el Gobierno de Indonesia.


indonesia

Dentro de los atractivos que se exhibieron en esta embajada, constan los dos muñecos de la foto, los cuales representan el “bien” y son usados en eventos típicos de Indonesia donde en una danza estos muñecos tratan de ahuyentar al mal.

Todos los visitantes salimos con un CD donde nos muestran un resumen de lo que podemos encontrar en Indonesia, y nos invitan a planificar un viaje a tan encantadoras islas, sobretodo a Bali que es tradicionalmente conocida como destino de lunas de miel.

Sunday, May 3, 2009

Um dia de visitas às Embaixadas de Washington

Washington, DC. Politicamente, a cidade mais importante do mundo, capital dos Estados Unidos da América. Por isso, também, tantos países têm embaixadas por aqui. Desde que chegamos, um dos interesses que tinha era de poder visitar um bom n~umero delas e conhecer um pouco da cultura de outros países. Não pensei que seria da forma como pudemos fazer hoje: gratuitamente. A culturaltourismdc.org organizou a Embassy Open House, que abriu as portas de 25 embaixadas para quem quisesse visitá-las. IMG_2669 Durante todo o dia, da manhã ao final da tarde, passamos por nove embaixadas. Sim, visitar as 25 era impossível. Como o dever chama, iniciamos nosso tour pelas embaixadas de Honduras, Guatemala, Costa Rica e Republica Dominicana, onde nos apresentamos como alunos do Programa de Liderança da Georgetown e o projeto que se está criando para a consolidação de um Fórum Democrático das Américas. Esperamos poder contatar os embaixadores dos respectivos países durante os próximos dias para tratar sobre esse assunto.

Descobrimos logo em seguida que havia uma linha de ônibus grátis esperando por nós para levar-nos às próximas embaixadas. Embarcamos e demos na da Arábia Saudita. Assistimos a uma apresentação típica e tiramos fotos em trajes árabes. IMG_2707 De lá, seguimos à embaixada da Tailândia, já somente Germano Guimarães e eu, uma vez que José Álvaro Benages tinha compromisso pela tarde com um alto oficial boliviano que daria uma palestra em Arlington - e que por fim não apareceu. A pedida na embaixada da Tailândia, obviamente, era o almoço, não somente pelo horário como também pelo tempero excelente que têm os molhos tailandeses. Arroz com frango, simples mas muito apetitos (US$ 5).

À tarde, de Dupont Circle seguimos a pé até as embaixadas da Massachussetts Avenue. Muito movimento em todas elas, das Bahamas à Venezuela passando pela da Indonésia. Para evitar filas e ganhar tempo, precioso pois nos restava pouco mais de uma hora e meia, decidimos visitar as embaixadas menos concorridas. Estivemos na pacífica africana Zâmbia, cuja representante ressaltava que o país tinha ótimas relações com os vizinhos do sul do continente e que não levantavam cartazes "fora América" mas, ao contrário, chamavam bem-vindos a todos os povos do mundo; e na embaixada de Nepal, onde se podia provar do famoso chá e conhecer esculturas do país.

Encerramos nosso dia visitando a embaixada do Iraque. País ocupado pelos EUA desde 2003, tem sua embaixada um pouco adiante da brasileira - que lamentavelmente não esteve aberta durante este final de semana. Conversamos com Ismael Hussain, um oficial do exército iraquiano que está agora posicionado nos EUA. Perguntado sobre a guerra, nos disse que as coisas "estão muito melhores". Quando já encontrávamos a porta da saída da embaixada, encontramo-nos com o embaixador do Iraque em Washington, Samir Sumaida'ie, com quem também trocamos algumas palavras. IMG_2730

Fotos: no flickr de marcelvh.com.br

Saturday, May 2, 2009

O incrível avanço da gripe suína



Ontem, no caminho pro café da manhã, avisos espalhados pela parede. Sintomas, prevenção, cuidado. Palavras-chave nesta semana de intensificação da gripe suína. Hoje, um email novo na minha caixa de mensagens. Avisos gerais da universidade e uma demonstração de que o departamento médico está tomando todas as precauções quanto à eventualidade de surgir um caso da doença aqui no campus. Quartos bem ventilados já estão sendo evacuados para "isolar" enfermos e viagens ao México de professores e estudantes que digam respeito a assuntos universitários estão proibidas até segunda ordem. Viagens não urgentes ao país são desaconselhadas.

Além disso, no email foi-se dizendo onde nos Estados Unidos surgiram casos de estudantes infectados, começando por um campus universitário em Indiana, passando por Nova Iorque e Delaware e, soube-se ontem, aqui nas proximidades de Washington, em um campus universitário de Baltimore surgiu outra suspeita. Baltimore, Maryland, está a menos de uma hora de carro daqui.

Tenho acompanhado o noticiário no Brasil e visto que está bastante alarmante quanto ao caso. Que ele é muito estranho e raro, isso ele é. Mas na Argentina já se proibiram inclusive todos os vôos para e do México.



Por aqui até o início da semana a situação parecia menos tensa: Obama chegou a dizer que a gripe preocupava mas não era alarmante. Claramente, agora, a situação é outra: o próprio presidente mudou o tom do discurso à medida que o número de casos de infectados já chegou a quase 100 no país. Agora, a indicação é lavar muito as mãos, ler as notícias, e saber quando a gripe chegará em washington.

Ops! Acabo de acessar o Washington Post na internet: um funcionário do Banco Mundial que viajou ao México neste mês pode estar contaminado. Pelo jeito, o departamento médico daqui da Universidade de Georgetown vai ter muito mais trabalho nos próximos dias...

Publicado no Jornal Dois Irmãos de quinta-feira, 30 de abril de 2009