Petróleo, Brasil, Cuba e México. Essas são as prioridades neste momento para a Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano no que diz respeito à América Latina. Carl Meacham, principal assessor de Richard Lugar, presidente da Comissão no Senado, falou conosco na tarde de hoje em frente à escadaria do Capitólio (a reunião estava marcada para as 14h dentro do Senado, mas uma série de contratempos acabou atrasando o grupo e, já que a partir das 15h a sala da Comissão já estava reservada, tivemos a conversa no "ambiente externo"). "Em relação ao Brasil, o que mais interessa-nos é a questão da energia renovável e amudança climática", disse, lembrando que foi muito sugestivo da importância do nosso país para os interesses estratégicos americanos a recepção na Casa Branca de Lula logo no início do mandato de Obama.
Quanto aos outros temas, o petróleo engloba tanto o México, como também o Canadá e a Venezuela. O tema cubano é importante neste momento devido à mudança na abordagem do governo americano com a nova administração mais em direção ao diálogo do que ao isolamento, com a real perspectiva de se levantar o embargo dos EUA à Cuba. "Contudo, não se trata de algo que os EUA esteja se inclinando a fazer por se tratar de uma atitude que vá beneficiar bilateralmente os dois países", advertiu. "Trata-se, isso sim, mais de uma atitude com vistas a promover um diálogo maior com todos os países da América Latina, já que a maioria, de uma forma ou de outra, cobra dos EUA que levante o embargo".
O México, que passa por dificuldades extremas agora no enfrentamento aos cartéis de droga, continuará sendo o país em que a política externa norte-americana para a América Latina mais está focada. "O México está ao lado dos Estados Unidos, há um grande número de mexicanos no país que votam, temos um grande problema migatório e agora o crescente problema do narcotráfico, o que põe o país como prioridade na agenda americana", disse Meacham. Contudo, não se sabe de que forma a política de Obama vai ser tão diferente da política de Bush. Ao menos no que se refere a recursos, se houver uma correlação direta, pouco mudará. "O orçamento veio da Casa Branca praticamente idêntico ao de Bush. Dos US$ 50 bilhões de dólares destinados ao departamento de Estado, apenas US$ 2,3 bilhões irão para o setor de América Latina", frisou. Ou seja, a retórica pode até estar mudando, mas até que a América Latina seja mais vista pelos Estados Unidos efetivamente como parceira estratégica, pode levar ainda bastante tempo.
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