Friday, May 8, 2009

Escravos da revolução

Nesta semana tivemos a oportunidade de nos encontrar com uma cubana que mora nos Estados Unidos há pouco menos de um ano e que nos contou como é a vida de quem defende a democracia na ilha de Fidel - literalmente. Seu nome é Bertha Antunez, e ela é irmã de Jorge Luis Antunez, que permanece em Cuba opondo-se ao regime e que, no ano passado, foi liberado da prisão: cumpriu sentença de 17 anos de cadeia por ter, aos 24 anos de idade, liderado um processo pedindo abertura democrática e liberdade no país.

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Falando pessoalmente com uma pessoa como Bertha, perguntando-lhe e ouvindo o que sofreram e sofrem ela, sua família, e todos os que defendem a democracia no país, é uma das poucas formas de se saber melhor o que acontece nesta ilha tão misteriosa. Imagine-se, você, viver num país em que absolutamente NADA é seu. Sua casa é do governo, seu carro é do governo, seu emprego é no governo... tudo o que você compra, por mais que você ganhe 10 dólares por mês – sim, esse é um dos salários mais altos em Cuba – na verdade não é seu.

Perguntamos a Bertha como vai a educação no país, já que normalmente o setor é tido como um dos pontos fortes da revolução. Nas palavras de Bertha: “todos aprendem e sabem ler e escrever; por outro lado, porém, a pessoas vão presas por ler e escrever”. E qual o conceito de democracia para o governo cubano? “Dizem que somos a nação mais democrática do mundo, pois todos são supostamente iguais. No entanto, ninguém tem liberdade para sequer pensar diferente do governo. Ou seja, é uma democracia onde temos a liberdade de dizer ‘viva Fidel!, viva Raul!’”, contou-nos. A mesma coisa, na medicina. Médicos formados em Cuba tem grandes dificuldades em passar nos exames em outros países.

Cuba chamou atenção nos últimos tempos por causa da ausência na cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago. Os socialistas do século XXI exigiam que os Estados Unidos levantassem o embargo contra Cuba e integrassem o país à Organização dos Estados Americanos. A grande verdade é que, enquanto as coisas iam bem com a União Soviética, e Cuba recebia recursos de lá, Fidel ria-se do embargo norte-americano. Agora, utiliza-o politicamente para justificar a miséria social, econômica e política a que submeteu seu povo, a gente como Bertha Antunez, seu irmão, e milhões de cidadãos simples de Cuba que não podem dizer o que pensam se pensam diferente do governo e não podem sair do país a não ser que fujam escondidos, vivendo como eternos escravos da revolução.

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Uma pergunta post scriptum: como tanta gente no nosso país e ao redor do mundo defende o regime cubano? Bem, à parte de serem livres para dizer o que bem entenderem por aí por viverem em sistemas livres e democráticos, muitos realmente não tem noção do que acontece na ilha e voltaria correndo aos seus países de origem se vivessem uma ou duas semanas por lá – a menos que fossem incorporados à burocracia governamental de alto escalão que, essa sim, vive bem. O ranço anti-capitalismo e antiamericano acabam gerando essas paixões por gente como Fidel e Che Guevara, assassinos inescrupulosos que que jamais deram valor ao indivíduo, antípodas da tradição cristã-ocidental. Falar bem de Cuba, apesar de feio, é admissível – até no seu círculo de amigos mais próximo você deve encontrar defensores de Cuba. O problema é quando começam a partir à ação – e isso, infelizmente, é o que está acontecendo em vários países da América Latina e pode significar muitos anos, senão décadas, de atraso para todos nós.

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