Friday, February 13, 2009

"Culpar o mercado livre pela crise é como culpar a democracia por causa de um mau governante"

 
Hoje conhecemos pessoalmente o presidente honorário do Latin American Board - Conselho para a América Latina - de Georgetown, que promove o Programa de que participamos. José María Aznar, ex-primeiro ministro espanhol, falou durante pouco mais de uma hora e o principal assunto abordado foi também o assunto que não sai da boca de ninguém aqui nos EUA: a crise econômica global. Na verdade, está em pauta em todo o mundo, e bem por isso disse Aznar que a crise atual, surgida do mercado financeiro é a primeira crise econômica realmente global e que será sentida - e já se sente - de forma muito forte nos EUA e na Europa (em especial na Espanha e na Inglaterra), menos na Ásia, e de novo mais forte na América Latina, porém um pouco mais adiante. Pelas notícias que li na edição de ontem do Wall Street Journal, porém, o caso brasileiro já está se revelando problemático, sobretudo pelo desempenho industrial muito mais baixo de dezembro e o conseqüente desemprego. Por sinal, sem comentários à frase de Lula de que "a indústria brasileira nem deve mais produzir carros porque não há mais ruas".
As origens da crise, segundo Aznar, são basicamente duas: o excesso de liquidez e uma regulação deficiente, especialmente dos EUA. Contudo, ainda que não soubéssemos as origens da crise, o que precisamos é de solução a ela e, nesse ponto, Aznar foi claro: mais intervenção do Estado é uma das soluções propostas, porém ele prefere outra alternativa - a que dê mais abertura e liberalização do mercado.
 
"A palavra chave neste momento se chama confiança e recuperá-la é condição básica para que o sistema volte a funcionar saudavelmente", disse. "Por isso, para gerar confiança, a situação do sistema financeiro precisa ser recolocada às claras e o sistema financeiro precisa ser recapitalizado; e isso pode não acontecer se permanecer uma política de que se deva apenas intervir severamente na economia e não dar atenção ao mercado financeiro".
Outra preocupação de Aznar é que com a intervenção maior do Estado também acompanha o protecionismo e a utilização de barreiras protecionistas, neste momento, seria uma autêntico desastre: "se durante uma recessão se impede o livre comércio, gera-se um grande colapso no mundo. Não é razoável dar à economia livre a culpa da crise assim como não é razoável que a democracia seja culpada pelos maus governantes", reforçou, dizendo que à crise econômica seguem-se às crises políticas, sociais e de valores e que sairão da crise mais rápido aqueles que tem uma economia mais diversificada e os que tem líderes e estadistas que pensem no médio e no longo prazo. Ou seja, que consigam recuperar a confiança de sua população e que saibam transformar problemas em oportunidades.
 
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