Monday, February 9, 2009

Quem é o dono do poder nos EUA?

Nos Estados Unidos, onde a crise surgiu, é também onde ela já está demonstrando o resultado mais temido: altos indices de desemprego. Na última sexta-feira, veio a público por aqui uma pesquisa referente ao mês de janeiro de 2009: apenas neste primeiro mês do ano, perderam-se no país mais de 600 mil empregos. a maioria deles na Agricultura e na Construção, passando de 18% o índice de desempregados em cada uma dessas áreas.

O recém-eleito presidente norte-americano Barack Obama quer aprovar um pacote de estímulo à economia que chega ao trilhão de dólares. Contudo, sua capacidade de liderar o processo está sendo colocada à prova no Congresso. Para entender porque está se arrastando a aprovação de um plano que parece ter motivos para ser aprovado logo, temos que levar em consideração o seguinte:


• os EUA são um país extremamente descentralizado. Por isso, estímulos à economia partindo de Washington precisam estar claros à população, que entrega não mais do que 9% de todo seu imposto à federação (um contraste imenso com o caso brasileiro);


• os partidos são pouco organizados nacionalmente nos EUA e não há como exigir fidelidade partidária. Apesar de não contar com um voto sequer dos republicanos, os democratas conseguiram aprovar o pacote na Câmara Baixa, mas não contaram com onze votos de seus próprios correligionários. Ou seja: nem a totalidade dos Democratas está convencida de que os mais de 800 bilhões de dólares serão bem aplicados porque suas lideranças estão sendo pressionadas por suas bases locais, que preferem corte nos impostos a gastos do governo;


• o plano foi redigido inteiramente por democratas, que aproveitaram para incluir ajuda a organizações e projetos cujos benefícios para o estímulo da economia americana são duvidosos. No Senado, republicanos acusam Obama de não estar sendo líder mas de estar sendo liderado pelos oportunistas de plantão. Por outro lado, os próprios republicanos estão se vendo às voltas com a possibilidade de que três de seus senadores votem, de forma avulsa, pela aprovação do pacote vindo da Câmara. Mais um motivo de indignação para os republicanos, pois tem-se falado em acordo bipartidário quando não mais de meia dúzia de republicanos estão dispostos a aprová-lo.


A votação do pacote ficou para esta terça-feira. Ao que tudo indica, haverá uma flexibilização da proposta no Senado e um acordo na Câmara para que esteja aprovado ainda nesta semana e o presidente Obama possa colocá-lo em prática. Contudo, o que fica disso tudo é que, nem com toda a popularidade de Obama, há como o presidente sujeitar o Congresso ou mesmo o Partido Democrata, à sua vontade, pois quem detém controle sobre o dinheiro é o Congresso – e, por isso, detém também o poder de dizer o que será feito dele, seja época de crise ou não.

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