Thursday, March 19, 2009

Crescimento da população latina nos Estados Unidos é impressionante*

Aqui nos Estados Unidos estamos entrando na primavera e, pouco antes de chegar a nova estação, é costume nas escolas e Universidades os estudantes terem uma semana de descanso. Por esse motivo, não tivemos aula desde segunda-feira até hoje. Aproveitei o Spring Break, como é chamado, para visitar Nova Iorque e conhecer um pouco mais de Washington. Hoje pela manhã, por exemplo, fomos à Suprema Corte e ontem assistimos a mais uma palestra no Cato Institute – ambas atividades estarão neste final de semana no meu blog.



Festa latina

Ontem à noite, fomos convidados por um amigo boliviano de um colega nosso para conhecer uma danceteria latina em Fairfax, que fica a uns quinze quilômetros daqui. Eu já tinha ido em uma danceteria latina aqui em Arlington, mas o que foi novo foi a perspectiva que vi de lá: quatro carros de polícia do lado de fora, seguranças rodando por dentro da casa o tempo todo, inclusive com lanternas nas mãos que utilizavam para, sem pedir licença, mirar nos pés ou até nos rostos das pessoas. Achei curioso – e bastante desrespeitoso. Ao sairmos do local e nos dirigirmos ao carro, à nossa frente andavam duas jovens. Uma delas, visivelmente bêbada, era amparada pela amiga que tentava disfarçar ao máximo os passos bambos da guria que se passou no trago. Perguntei ao amigo que acabáramos de conhecer – Álvaro se chamava – porque toda essa preocupação em não demonstrar que estava bêbada, já que o carro estava logo ali. Ele me respondeu, observando os carros de polícia enfileirados do lado de fora: “aqui em Fairfax as leis são levadas muito a sério. Estar bêbado em público é ilegal”. “Mesmo que a pessoa não tenha feito nada, ela pode ser detida?”, insisti. “Mesmo assim. E, se for latina e não estiver com os documentos em dia, é motivo para deportação”.



Espanhol por todo lado

“As coisas por aqui em relação aos latinos pioraram muito nos últimos anos”, continuou Álvaro. “A partir dos atentados de 11 de setembro?”, perguntei. “Exatamente”, foi a resposta. Na verdade, os latinos estão por toda a parte aqui em Washington e região. O espanhol é a segunda língua mais falada e praticamente todas as lojas têm alguém que fale a língua para atender o público hispânico. A maioria dos imigrantes são do México (mais a oeste dos EUA) e da América Central, mas também há muitos bolivianos, peruanos e colombianos. As placas e anúncios em supermercados também estão adaptados à realidade: inglês e espanhol têm inclusive o mesmo tamanho de fonte (foto). Na verdade, o que poucos sabem é que, apesar de o inglês ser o idioma mais falado do país, ele não é o idioma oficial dos Estados Unidos. Nem o espanhol. Os EUA não têm idioma oficial, já que os fundadores deste país pensavam que, no futuro, as coisas poderiam mudar e o inglês poderia deixar ou não de ser menos falado. De fato, o inglês ganhou do alemão como língua a ser utilizado nos documentos oficiais escritos pelos founding fathers pela diferença de apenas um voto.

A julgar pelo crescimento da comunidade hispânica por aqui, a língua mais falada pode passar a ser outra mesmo. Segundo projeções, em 2050 a população hispânica poderá a chegar a 29% do total dos americanos. E bem por isso, no espectro mais conservador da política americana, políticos querem tornar o inglês idioma oficial enquanto ainda é tempo.



Competição de Robótica

Os leitores do Jornal Dois Irmãos que acompanharam as crônicas que eu enviava dos Estados Unidos há cinco anos devem lembrar-se que participei então de uma competição de robótica aqui. Junto com a Patrícia Weber, fomos dois os dois-irmonenses a integrar a equipe de Robótica Educacional do Pio XII – e voltamos dos EUA com um troféu, o Chairman’s Award. Aproveitei minha ida a Nova Iorque para visitar a competição regional de que participou o REPIO neste ano. Novamente, a equipe foi premiada – recebeu o Judge’s Award, que premia a equipe que tiver o melhor robô considerado pelos juízes do evento.

*Publicado no Jornal Dois Irmãos de sexta-feira, 13 de março de 2008

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