Friday, March 20, 2009

O fim da lua de mel dos americanos com Obama


"Pode-se enganar a todos por algum tempo, e até a alguns por todo o tempo. Mas não se pode enganar a todos todo o tempo". Abraham Lincoln (1808-1865)

A lua de mel do povo norte-americano com o presidente Barack Obama definitivamente acabou. Depois de uma campanha de muito sucesso, na qual as palavras hope (esperança) e change (mudança) tocaram o coração da maioria dos americanos, os índices de popularidade do presidente caíram drasticamente. Seja por fatores externos como a crise, em relação à qual muito pouco o presidente pode fazer, especialmente neste país de poder tão pouco concentrado, seja por fatores interiores à atitude do próprio presidente, que prometeu superar as diferenças ideológicas que, dizia, impedia a política nacional de progredir.

Obama aprovou o maior gasto em um plano para recuperar a economia que jamais foi feito por um presidente norte-americano. O pacote de estímulo incluiu quase 1 trilhão de dólares para investimentos estatais e agora é a vez do orçamento, que prevê gastos de 3,6 bilhões de dólares para investimentos principalmente em educação, saúde e meio-ambiente. O efeito colateral é o déficit enorme para os próximos anos que causará.

Por outro lado, Obama já era definido em 2007 como o político mais esquerdista de todo o Senado. Apesar disso, durante a campanha negava a pecha dizendo que esta era a “velha política”, a de classificar as pessoas em categorias. Os swing voters - eleitores que não se definem nem como esquerda nem como direita - acreditaram na cantilena, e agora estão se perguntando o que fazer para preservar os valores norte-americanos de governo limitado em poder e arrecadação diante de uma Administração ávida por gastos públicos.

Por que as pessoas preferem acreditar na propaganda de uma campanha de poucos meses em vez de avaliar a vida pregressa dos candidatos a cargos públicos, permanece um grande mistério - aqui, em Dois Irmãos e no mundo todo. O que não é mistério nenhum, visto os últimos números das pesquisas, é que em sociedades democráticas e nas quais o povo tem grande controle sobre o que acontece no governo, não é possível se esconder atrás de mensagens que são bonitas quando não são vazias, como hope e change por muito tempo: neste exato momento, a aprovação de Obama está mais baixa do que era a aprovação de Bush no mesmo momento de seu primeiro mandato.

O presidente já está utilizando a única alternativa que lhe restou segundo as pesquisas: já que o povo identifica a crise como sendo herança de Bush, está intensificando as críticas ao antecessor. É uma estratégia política para ter ao menos o apoio dos seus colegas do Partido Democrata, mas é exatamente “a velha política” do partidarismo que ele prometia tanto combater.

Publicado no Jornal Dois Irmãos de sexta-feira, 20 de março de 2009

1 comment:

  1. Olá Marcel, parabéns pelo blog, muito interessante. Washington é impessoal mas fora de série pra quem sabe aproveitar o que a cidade oferece. Continue escrevendo!
    Abraços!

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