Tuesday, March 3, 2009

Mais uma semana turbulenta no mundo econômico

Hoje publico o primeiro artigo escrito por Cassio Pit, formando em Economia pela UFRGS, que contribuirá regularmente com este blog e com o site www.marcelvh.com.br, saindo do forno.

Mais uma semana turbulenta no mundo econômico

Por Cassio Severo Pit

O alto grau de incerteza e imprevisão que ronda os mercados talvez seja um dos sintomas que melhor dimensionam o tamanho da crise da economia global. Quando se trata do ambiente econômico uma má notícia pode ser ainda pior se estiver fora das expectativas dos agentes. Os recém divulgados balanços de grupos financeiros britânicos e norte-americanos e o desempenho do produto nacional dos Estados Unidos ficaram abaixo das projeções já pessimistas do mercado. E, como num processo de retroalimentação, jogaram mais dúvidas sobre a real magnitude da recessão em que a economia global adentrou.

Na mesma semana o Royal Bank of Scotland (RBS) e a seguradora norte-americana American Internacional Group (AIG) anunciaram prejuízos monumentais. O RBS apresentou em 2008 a maior perda anual da história das corporações britânicas, 34,2 bilhões de dólares. A AIG conseguiu ir além, divulgando um prejuízo trimestral superior a 60 bilhões de dólares.

Normalmente, empresas com rombos até inferiores aos anunciados pelas duas companhias teriam como destino a bancarrota. Mas ao que parece, uma das lições aprendidas nestes tempos de crise é que as leis de mercado para o sistema financeiro são válidas somente para períodos de expansão.

Pioneiro na solução de injetar recursos estatais para limpar instituições financeiras de ativos podres, o governo britânico colocará mais 14 bilhões de libras no RBS, totalizando 34 bilhões de libras – 47,7 bilhões de dólares, em auxílio deste o ano passado. Já o Departamento do Tesouro norte-americano disponibilizou mais 30 bilhões de dólares à AIG, que irão somar-se aos 150 bilhões de dólares de 2008.

Para justificar o auxílio que elevou a participação do governo a 80% do capital da seguradora (para efeito de comparação, a participação do governo brasileiro nas principais estatais de capital aberto do país, a Petrobras e Banco do Brasil, não chega perto disso), o Tesouro e o Federal Reserve argumentaram que a instituição possui em sua carteira de seguros operações de empresas responsáveis pelo emprego de 100 milhões de norte-americanos, 2/3 da força de trabalho da nação.

Completando a nebulosa semana, o PIB norte-americano recuou 6,2% no quarto trimestre, o dobro da previsão de analistas e o pior resultado trimestral desde 1982. Na segunda-feira, 02 de março, o índice Dow Jones fechou no menor nível em mais de uma década, arrastando para a queda as bolsas de valores ao redor do mundo.

Recessão na Zona do Euro e nos Estados Unidos, desemprego que pode alcançar dois dígitos em muitos países, comércio internacional em queda, contágio da crise nos países em desenvolvimento... Eis, enfim, uma equação difícil de ser resolvida e indicativa de que, no ambiente econômico, no curto e mesmo médio prazo há pouco espaço para otimismo.

1 comment:

  1. Só espero que o governo brasileiro tenha o bom senso de blindar a nossa economia, mesmo que inevitável. Ainda acho que as conseqüências podem ser amenizadas. TENHAMOS FÉ!!

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