Tuesday, March 3, 2009

Rush Limbaugh e seu discurso à nação

Neste sábado presenciei um dos mais memoráveis discursos que vi até hoje. Rush Limbaugh, radialista conservador norte-americano, falou para um público de quase 10 mil pessoas no Omni Hotel de Washington durante o CPAC - Conservative Political Action Conference. Fui por conta ao evento e lamentei profundamente não tê-lo assistido desde o primeiro dia, já que começara na quinta-feira (não poderia tê-lo feito, contudo, se não tivesse deixado de frequentar as aulas de Goergetown, o que tampouco era aconselhável).
Estava lendo hoje a transcrição do discurso em sua página oficial e fui me lembrando inclusive da entonação de cada parte da sua fala. Impressionante.
Não vou repetir o texto aqui, mas vou fazer algumas considerações sobre o que mais me chamou a atenção e em alguns casos relacioná-lo ao que percebo no Brasil.


Barack Obama não é unanimidade

Nem de longe. Ainda que esteja em lua-de-mel com grande parte do povo norte-americano, as atitudes mais recentes estão fazendo com que quem se considera conservador (ou seja, defende intransigentemente a liberdade individual e um governo que interfira o menos possível em sua vida) reforce suas convicções. Pacote de estímulo a economia de quase um trilhão de dólares que vai gerar endividamento antes mesmo de se ter fonte de receita prevista era tudo que os conservadores precisavam para iniciar a crítica. De defensor do welfare state a socialista, Obama começa a ouvir críticas mais vigorosas às suas políticas.


Não pense que é minoria.

Uma coisa que muitas vezes faz com que ajamos na defensiva e acabemos sucumbindo aos ditames de uma dita maioria é supor que sejamos a minoria. Isso não se faz - há que se pensar grande e agir como se fossemos sempre a maioria.

Não dou tempo para quem me ofende
Às vezes, pensamos muito no que os outros vão pensar do que dizemos quando o que temos a dizer é muito mais importante do que o próprio ser que pode vir a nos contestar. Ter coragem para se dizer o que pensa é fundamental e a única forma de conseguir atrair apoiadores à causa. No Brasil, infelizmente, o politicamente correto é mais do mainstream - está virando questão de bom senso falar "pisando em ovos" para não correr risco de ofender ninguém. Esta é a forma mais fácil de não se conseguir comunicar nada.
Por exemplo, a palavra conservador virou já palavrão no Brasil. É verdade que nossa história é muito diferente da norte-americana e, conservar no Brasil pode dar a idéia errada de conservar privilégios, mamatas, status quo, etc. Temos de ter mais coragem e dizer as coisas como são: ser conservador implica em conservar valores e tradições, como da família, da ética, da liberdade, do bem comum e da democracia. E, dada a situação política e social brasileira hoje, não há nada mais indicado do que defender e conservar estes valores que, na verdade, são os únicos capazes de alterar nosso triste status quo. Aqui nos EUA, é muito claro o que é ser conservador e os que são tem orgulho de dizer que querem ver conservados os valores básicos que fundaram esta próspera nação.
No Brasil, apesar de nossa população em sua maioria ser favorável a estes mesmos valores, nossos líderes se escondem, evitam dizer que são conservadores. Aliás, evitam dizer qualquer coisa que possa significar tomar posição - e não se pode isentar mais praticamente ninguém no Brasil hoje de preferir tomar esta lamentável e indigna atitude. A grande maioria dos políticos brasileiros pensa apenas em capitalizar votos por meio de ações visíveis, administrativamente indicadas, e prefere ignorar totalmente qualquer ideologia - mormente a conservadora de valores, que tanto carece de líderes dispostos a defendê-la num período de desmandos, ineficiência e incompetência da esquerda no Governo Lula.
Nos EUA, os líderes conservadores estão aproveitando desde o início do Governo Obama para demonstrar a população aonde pode levá-la atitudes como as propostas pelo presidente de aumento do tamanho do governo e de redistribuição de renda sem que se pense em criação de renda. No Brasil, a fórmula já está sendo aplicada há tempo e a situação só tem piorado, vide a cada vez menor autonomia e liberdade que tem o cidadão e os municípios em que vive, e nossas lideranças mais lúcidas acham que vão iluminar o povo durante uma campanha de noventa dias. Ilusão. Acabam elas também sucumbindo ao politicamente correto e dando tempo e razão para os argumentos do que as ofendem.

Conservadores querem que as pessoas se dêem bem, sejam estimuladas; a esquerda costuma passar mensagens de pessimismo, miséria
O discurso da raiva, do ódio, dos ricos e dos pobres, das classes sociais - . Limbaugh lembrou que quem faz distinção de classe e mais a promove é justamente quem diz para negros, mulheres, gays, etc, que precisam de políticas sociais porque não têm outra forma de vencerem o preconceito - e assim de fato dizem os democratas. Para os pobres, convencem-nos de que precisam do Estado para sair da situação em que estão, que não há outra forma de sair dela sem ajuda do governo - e acabam destruindo sua ambição. Essas as considerações de Limbaugh.
E porque elas são possíveis aqui? Porque na América a maioria da população prefere fazer caridade com seu próprio dinheiro diretamente. Prefere ajudar uma instituição, participar de uma associação, estimular quem tem menos condições financeiras a ambicionar mais. Em geral, americano tem medo de governo, e menos ainda quer que o governo decida por ele de que forma vai utilizar seus impostos em projetos sociais. Ele prefere obter um desconto no imposto de renda e decidir por si próprio o que fazer com o dinheiro.
Conservadores querem reduzir o tamanho do governo, querem que as pessoas tenham sucesso por si próprias por meio de oportunidades iguais, pois sabem que elas são diferentes e não pode haver um Pai Estado para decidir por elas o seu futuro.

(Esta postagem está sem revisão e será continuada por outra a ser publicada amanhã)

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